Fóssil revela lagarto gigante que predava ninhos de dinossauros
Lagarto do tamanho de um guaxinim muda a visão sobre os ecossistemas do Cretáceo
Fala Ciência|Do R7

Um fóssil guardado silenciosamente em uma coleção científica nos Estados Unidos acaba de revelar um dos lagartos mais intrigantes do período Cretáceo. O novo animal, batizado de Bolg amondol, pertence ao grupo dos monstruossauros, parentes distantes e gigantes dos atuais monstros-de-Gila. Um estudo, liderado por C. Henrik Woolley, traz à tona uma diversidade inesperada de lagartos de grande porte que coexistiam com dinossauros há cerca de 76 milhões de anos.
O achado estava armazenado no Museu de História Natural de Utah e permaneceu por anos sem receber a devida atenção. Contudo, a análise detalhada desse material revelou um predador blindado de tamanho impressionante para padrões reptilianos modernos.
Lagarto habitava as florestas de Utah
O Bolg amondol tinha cerca de 1 metro de comprimento, porte semelhante ao de um lagarto-monitor atual, e corpo reforçado por osteodermas, pequenas placas ósseas que formavam uma espécie de armadura. Essas características, típicas dos monstruossauros, indicam um estilo de vida ativo, com capacidade de explorar ninhos de dinossauros, perseguir pequenos vertebrados e disputar território em florestas tropicais densas.
Além disso, estudos apontam que esses lagartos possuíam dentes afiados e curvados, ideais para perfurar e segurar presas. O formato robusto da cabeça, que inspirou o nome da espécie, reforça a ideia de um predador extremamente adaptado ao ambiente onde viveu.
O nome inspirado em Tolkien e seus significados

O nome Bolg amondol foi criado em Sindarin, a língua élfica de J.R.R. Tolkien. “Amon” significa monte e “dol” significa cabeça, referência direta às estruturas ósseas no crânio do animal. A escolha remete ao príncipe goblin Bolg, de O Hobbit, conectando fantasia e ciência de forma simbólica e atraente.
Essa combinação ajuda a destacar o quanto esses animais lembravam criaturas míticas, com aparência robusta, blindagem natural e hábitos predatórios que hoje só podemos imaginar.
A rara riqueza dos ecossistemas do Cretáceo norte-americano
A pesquisa publicada na revista Royal Society Open Science mostra que pelo menos três espécies de lagartos grandes ocupariam a região da Formação Kaiparowits durante o Cretáceo Superior. Isso contradiz a antiga ideia de que os dinossauros dominavam completamente a área, revelando um ecossistema muito mais complexo.
Além disso, os dados sugerem conexões biogeográficas entre América do Norte e Ásia, já que parentes próximos do novo lagarto são conhecidos no Deserto de Gobi. Essa descoberta reforça a hipótese de que espécies menores também migraram entre continentes.
A descrição de Bolg amondol demonstra que muitos fósseis já coletados podem guardar espécies novas ainda não estudadas. Fragmentos como vértebras, placas ósseas, cinturas e crânios permitem reconstruir relações evolutivas e entender a origem dos monstruossauros.
O estudo liderado por Woolley reforça a importância de museus, coleções preservadas e pesquisas contínuas, que podem revelar novas peças da história natural mesmo décadas após a coleta.














