Gatos podem ganhar tratamento para obesidade parecido com o de humanos
Implante com GLP-1 promete mudar o tratamento da obesidade felina
Fala Ciência|Do R7

A obesidade entre gatos vem crescendo de forma preocupante e já está associada ao avanço de doenças como diabetes e inflamação crônica. Agora, uma inovação promete transformar esse cenário: um novo implante subcutâneo que libera, lentamente, um medicamento do tipo GLP-1, o mesmo grupo farmacológico usado em humanos em produtos como semaglutida e tirzepatida. A tecnologia está sendo testada na saúde animal e pode inaugurar uma nova abordagem contra o excesso de peso em pets.
O estudo clínico, nomeado MEOW-1, investiga o implante OKV-119, desenvolvido pela Okava Pharmaceuticals. O dispositivo foi projetado para liberar continuamente um agonista de GLP-1, com o objetivo de reproduzir efeitos metabólicos semelhantes aos do jejum prolongado.
A proposta é reduzir a gordura corporal, melhorar a sensibilidade à insulina e otimizar o aproveitamento energético, sem exigir mudanças drásticas na rotina alimentar dos animais.
GLP-1 para pets: estratégia chama atenção

Os agonistas de GLP-1 se tornaram um marco no controle da obesidade humana, trazendo benefícios que vão além da perda de peso, como melhor regulação glicêmica e redução do risco de diabetes. Agora, pesquisadores investigam se esses mecanismos podem beneficiar também os gatos, especialmente aqueles com obesidade severa.
Hoje, cerca de 60% dos gatos nos Estados Unidos apresentam excesso de peso, e muitos desenvolvem doenças associadas. Por décadas, o tratamento se restringiu a reduzir a ingestão calórica e incentivar atividade física, métodos que nem sempre funcionam para gatos mais sedentários ou com transtornos metabólicos. Por isso, a possibilidade de usar um medicamento GLP-1 representa um avanço significativo na medicina veterinária.
Como funciona o implante OKV-119
O dispositivo funciona de forma contínua por seis meses e foi desenhado para atuar de maneira estável, liberando doses controladas do GLP-1 sem necessidade de aplicações frequentes. A intenção é oferecer praticidade aos tutores e garantir adesão ao tratamento.
O estudo MEOW-1 inclui 50 gatos e vai acompanhar:
• Redução percentual de gordura corporal
• Melhora na sensibilidade à insulina
• Alterações no comportamento alimentar
• Possíveis efeitos adversos
• Mudanças na qualidade de vida e vitalidade
Os resultados preliminares serão apresentados no próximo verão, acompanhados de análises detalhadas de segurança e eficácia. Caso os resultados sejam positivos, a empresa pretende solicitar aprovação regulatória para uso veterinário dentro de até dois anos.
Se aprovado, o tratamento deve custar cerca de 100 dólares por mês aos tutores, posicionando-se como uma alternativa para casos mais graves ou animais com risco metabólico elevado. A empresa também antecipa que, após a aprovação para gatos, uma versão adaptada para cães pode ser liberada rapidamente.
O uso de GLP-1 em pets abre caminho para uma mudança importante na abordagem da obesidade animal, trazendo para a medicina veterinária tecnologias já consolidadas na saúde humana. Embora promissor, o tratamento ainda depende de pesquisas complementares para definir segurança, dosagem e impactos a longo prazo.














