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Insetos “curativos”? Chimpanzés usam insetos para tratar feridas abertas

Chimpanzés aplicam insetos em feridas, cuidado animal, autocura primatas

Fala Ciência

Fala Ciência|Do R7

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Chimpanzés usam insetos para tratar feridas de forma surpreendente (Imagem: Getty Images/ Canva Pro) Fala Ciência

Os chimpanzés, parentes vivos mais próximos dos humanos, continuam a revelar comportamentos que desafiam nossa compreensão sobre autocuidado e empatia animal. Pesquisas recentes no Parque Nacional de Kibale, Uganda, publicadas na Scientific Reports, mostram que esses primatas utilizam insetos voadores para tratar feridas, uma prática até então pouco documentada.

Esses achados indicam que, além de lamber feridas ou pressionar folhas sobre elas, os chimpanzés podem experimentar estratégias mais complexas, possivelmente influenciadas por propriedades biológicas dos insetos. A observação detalhada desses comportamentos sugere criatividade, intencionalidade e até cooperação entre indivíduos.


Como os chimpanzés aplicam insetos em feridas

As observações de campo revelaram um padrão interessante e recorrente:


  • Captura deliberada do inseto: o chimpanzé imobiliza o animal com a boca ou os dedos;
  • Aplicação direta na ferida: o inseto é pressionado sobre o ferimento, às vezes repetidamente;
  • Observação social: outros chimpanzés frequentemente assistem, demonstrando curiosidade;
  • Cuidado com terceiros: em casos raros, um inseto foi aplicado na ferida de outro indivíduo, sugerindo comportamento pró-social.

Esses atos, embora isolados, reforçam a ideia de que os chimpanzés não são passivos diante de ferimentos, mas exploram o ambiente de maneira estratégica e deliberada.


Potencial terapêutico dos insetos

Fricka aplicou um inseto voador em ferimento na coxa direita, destacado em imagem ampliada (Imagem: Scientific Reports (2025). DOI: 10.1038/s41598-025-16582-5) Fala Ciência

Ainda não há comprovação científica de que os insetos acelerem a cicatrização ou reduzam infecções. Contudo, muitos insetos produzem substâncias antimicrobianas ou anti-inflamatórias, abrindo possibilidades intrigantes para futuras pesquisas. Vale destacar:


  • Aplicação direcionada e consistente indica comportamento aprendido ou instintivo;
  • O uso de insetos por chimpanzés lembra práticas da entomoterapia humana, onde certos insetos são valorizados por efeitos medicinais;
  • A prática de aplicar insetos em feridas de outros sugere início de empatia e comportamento cooperativo.

Implicações evolutivas e conservacionistas

Essa descoberta amplia nossa compreensão sobre as raízes evolutivas do cuidado, mostrando que comportamentos associados à cura e apoio social não são exclusivamente humanos. Além disso:

  • Proteger chimpanzés e seus habitats é crucial, pois garante a preservação de espécies de insetos potencialmente benéficas;
  • Estudos futuros podem revelar como o comportamento se propaga entre indivíduos, se por aprendizado social ou inovação espontânea;
  • A prática de cuidado ativo reforça o conceito de pró-socialidade em primatas, conectando saúde física e laços sociais.

Observar chimpanzés capturando e aplicando insetos sobre feridas nos lembra que a natureza ainda guarda segredos sobre autocura e empatia animal. Se confirmado que o comportamento oferece benefícios medicinais, estaremos diante de uma nova dimensão da interação entre primatas e insetos, reforçando a necessidade de pesquisas detalhadas e conservação ambiental.

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