Perseverance grava sons inéditos de relâmpagos em Marte, surpreendendo cientistas
Sons captados por microfones do rover revelam atividade elétrica inédita no planeta vermelho
Fala Ciência|Do R7

A exploração de Marte continua a surpreender cientistas e entusiastas da astronomia. Pela primeira vez, pesquisadores registraram evidências de relâmpagos no planeta vermelho, um fenômeno que até então parecia exclusivo de mundos como Júpiter e Saturno. Diferentemente da Terra, onde relâmpagos são acompanhados de trovões visíveis e sonoros, em Marte a prova veio de forma discreta: gravações de áudio captadas pelo rover Perseverance, por meio do microfone da SuperCam, que registrou descargas elétricas durante tempestades de poeira e redemoinhos.
Esses achados confirmam que a atmosfera marciana é mais eletricamente ativa do que se imaginava. Entre os destaques do estudo publicado na Nature:
Atmosfera elétrica e tempestades de poeira
A atmosfera de Marte é marcada por pequenas elevações de poeira, redemoinhos e tempestades que podem atingir escalas globais. A movimentação do vento e o atrito entre partículas de poeira geram eletricidade estática, que é convertida em descargas elétricas, criando uma dinâmica atmosférica complexa. Diferente da Terra, essas descargas não produzem trovões audíveis, mas podem influenciar diretamente a química do ar, tornando-o mais oxidante.

Além disso, os redemoinhos de poeira, apesar de não serem fortes o suficiente para mover grandes objetos, mostram comportamento imprevisível e podem interagir de forma intensa com o ambiente. A eletrização do ar pode, por exemplo, afetar a preservação de materiais orgânicos em Marte, bem como a viabilidade de futuras missões humanas.
Impactos para exploração humana e robótica
As descargas elétricas em Marte não são apenas um fenômeno curioso, mas representam um desafio para astronautas e equipamentos. Elas podem interferir em instrumentos científicos, danificar eletrônicos sensíveis e até representar riscos à segurança de missões tripuladas. Por isso, é essencial que novos sensores e estudos detalhem a frequência, intensidade e distribuição dessas descargas antes de enviar humanos ao planeta.
Com essa descoberta, Marte se junta a um grupo muito restrito de planetas com atividade elétrica registrada, abrindo novas perspectivas para entender a atmosfera marciana e suas interações químicas. Estudos futuros poderão revelar ainda mais sobre os efeitos da eletrização na preservação de compostos orgânicos e nas condições de habitabilidade em nosso vizinho vermelho.
