Pesquisadores da UEPB desenvolvem canudo que identifica metanol instantaneamente
Inovação da UEPB promete prevenir mortes por bebidas adulteradas com metanol de forma simples e acessível
Fala Ciência|Do R7

A intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas tem se tornado um grave problema de saúde pública no Brasil. Casos recentes de mortes e internações chamaram a atenção para a necessidade de mecanismos de prevenção e detecção rápida dessa substância tóxica. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) apresentaram uma solução inovadora e acessível: um canudo descartável capaz de identificar a presença de metanol antes do consumo.
O projeto, desenvolvido pelo Departamento de Pós-Graduação em Química da UEPB, utiliza materiais simples e uma tecnologia sensível que reage em contato com o líquido. Ao detectar metanol em bebidas destiladas, o canudo muda de coloração, indicando que o conteúdo pode ser perigoso.
A ideia é permitir que o consumidor teste a bebida de forma rápida, segura e intuitiva, sem a necessidade de equipamentos laboratoriais. O protótipo foi pensado para uso individual e descartável, com um custo estimado de cerca de R$ 2 por unidade, embora o valor final ainda dependa do processo de licenciamento e produção em escala.
Inovação com impacto social e científico
O desenvolvimento faz parte de uma linha de pesquisa que busca soluções acessíveis para a segurança alimentar e de consumo. Além do canudo, o grupo também criou um método infravermelho de detecção de adulterações, testado em mais de 460 amostras de bebidas. O estudo foi publicado em uma revista científica internacional, reforçando a credibilidade da inovação.
A equipe agora trabalha em parceria com instituições de fomento à pesquisa e com o Parque Tecnológico da Paraíba, buscando viabilizar a produção e distribuição do produto em larga escala.
Por que o metanol é tão perigoso?

O metanol é uma forma de álcool com elevado nível de toxicidade. Em pequenas quantidades, ele pode causar cegueira, convulsões e até morte. Frequentemente, é usado de forma ilegal para baratear a produção de bebidas falsificadas, o que torna difícil identificar o perigo a olho nu.
Mesmo pequenas doses ingeridas podem levar a danos neurológicos irreversíveis, pois o corpo converte o metanol em formaldeído e ácido fórmico, substâncias extremamente nocivas.
Quando o canudo chegará ao mercado?
Embora o projeto já tenha sido avaliado pelo Ministério da Saúde e esteja em análise pela Secretaria Nacional do Consumidor, ainda não há previsão de lançamento comercial. O objetivo é garantir que, ao chegar ao público, o produto mantenha eficácia, baixo custo e fácil acesso, principalmente em regiões com maior risco de falsificação de bebidas.
Enquanto isso, especialistas alertam: o consumo deve ser sempre feito com cautela e atenção à procedência dos produtos alcoólicos.
A criação do canudo detector de metanol da UEPB é um avanço importante na prevenção de intoxicações e mortes causadas por bebidas adulteradas. A combinação entre inovação científica, baixo custo e aplicação prática pode transformar a segurança dos consumidores em bares, festas e eventos em todo o país.
