Recuo relâmpago de geleira na Antártida muda previsões globais do clima
Perda acelerada de gelo revela fragilidade inédita de geleiras antárticas
Fala Ciência|Do R7

Entre final de 2022 e início de 2023, a geleira Hektoria, localizada na Península Antártica Oriental, apresentou um recuo impressionante de 8 quilômetros em apenas dois meses, um movimento extremamente rápido para uma geleira presa ao solo. O fenômeno chamou atenção porque demonstra como certas condições geológicas podem acelerar o derretimento mesmo sem mudanças súbitas de temperatura.
A pesquisa publicada na Nature Geoscience aponta que a causa principal está na presença de uma planície de gelo, uma base rochosa plana sob a geleira que reduziu o atrito com o solo. Isso permitiu que grandes blocos de gelo começassem a flutuar, desencadeando uma desintegração em cadeia.
Mecanismo do colapso rápido

O rompimento do gelo marinho que há anos estabilizava a Hektoria foi o gatilho inicial. Sem suporte, o fluxo glacial ganhou velocidade, e grandes pedaços começaram a se desprender. Durante o auge do evento, entre novembro e dezembro de 2022, o front da geleira recuou 0,8 km por dia, equivalente a 40 km² de gelo.
Além do recuo, foram detectados “terremotos glaciais”, pequenas ondas sísmicas provocadas pelo desprendimento de blocos de gelo, confirmando que parte da geleira ainda estava parcialmente presa ao leito rochoso. Isso significa que o derretimento contribuiu diretamente para a elevação do nível do mar.
Impactos e implicações globais
O caso da Hektoria mostra que estrutura geológica, não apenas temperatura, influencia a estabilidade glacial. Entre os principais dados do estudo estão:
Apesar de seu tamanho comparável à cidade da Filadélfia, o recuo da Hektoria indica que colapsos similares em geleiras maiores poderiam causar impactos climáticos e oceânicos severos.
