'52 x 290': entenda os números citados nas ameaças entre Irã e EUA
Sequestro de diplomatas norte-americanos e derrubada de avião iraniano foram lembrados na mais recente troca de ameaças entre os dois países
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com Reuters
Nesta segunda-feira (6), o presidente do Irã, Hassan Rouhani, rebateu a ameaça feita no fim de semana em um post do presidente dos EUA, Donald Trump, no Twitter, no qual o líder norte-americano ameaçou atacar 52 alvos na República Islâmica. Ele recordou um outro número significativo na história dos dois países.
"Aqueles que se referem ao número 52 deveriam também se lembrar do número 290. #IR655", tuitou Rouhani, fazendo referência à derrubada em 1988 de um avião comercial iraniano por um navio de guerra dos EUA, que matou 290 pessoas. "Nunca ameace a nação iraniana."
O que significam os números?
No último sábado (4), Donald Trump usou seu perfil no Twitter para ameaçar o Irã sobre possíveis consequências, caso o país deseje retaliar a morte de Qassem Soleimani, morto semana passada em Bagdá, no Iraque, por um ataque ordenado diretamente pelo presidente norte-americano.
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Em um dos posts, Trump afirmou que tem 52 alvos em vista caso o Irã ataque norte-americanos e que a lista incluiria "locais importantes para a cultura iraniana". Ele disse que escolheu o número para representar os 52 cidadãos dos EUA tomados como reféns na embaixada do país em Teerã em 4 de novembro de 1979.
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Essas pessoas, na maioria diplomatas, permaneceram presas durante 444 dias em diversos locais do país, até 20 de janeiro de 1981, o dia da posse do então presidente norte-americano Ronald Reagan. O incidente foi um dos mais tensos na história das relações entre EUA e Irã, mas não o mais mortífero.
Avião derrubado
Em 3 de julho de 1988, um Airbus A300 da Iran Air decolou de Teerã, rumo a Dubai, nos Emirados Árabes, após fazer uma escala em Bandar Abbas, no sul do Irã. A última parte do voo não deveria demorar mais do que meia hora, mas a aeronave nunca chegou ao seu destino.
Ela foi abatida por um míssil disparado pelo navio cruzador norte-americano USS Vincennes, quando ainda estava sobre águas territoriais iranianas. As 290 pessoas que estavam a bordo, entre elas 66 crianças, morreram. A tripulação do Vincennes alegou que confundiu o Airbus com um caça F-14, que deu avisos no rádio e, ao não ter resposta, atacou.
O sistema central do navio, no entanto, mostrou que o avião estava subindo para entrar em altitude de cruzeiro e não descendo, como se fosse atacar. Além disso, o veículo não estava equipado para receber transmissões de rádio em frequência militar e possuía o sinalizador adequado para aviação civil.