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A criação do Estado de Israel foi o ponto culminante de uma longa história

Apesar das dificuldades e da oposição inicial, Israel sobreviveu e consolidou sua posição na região

Internacional|Cláudio Luiz Lottenberg*, especial para o R7

O estado de Israel foi criado em 14 maio de 1948 Mustang Joe/Flickr (Sob Licença Creative Commons)

A presença judaica na região da Palestina tem mais de 3.000 anos. A história judaica na área remonta ao período bíblico, com relatos de que o patriarca Abraão viveu ali por volta do segundo milênio a.C., de acordo com a tradição judaico-cristã.

No século X a.C., os antigos israelitas estabeleceram os reinos de Israel e Judá. Jerusalém, então capital de Judá, tornou-se um centro espiritual e cultural importante. No entanto, esses reinos foram conquistados por grandes impérios da época: o Reino de Israel foi destruído pelo Império Assírio em 722 a.C., e o Reino de Judá foi destruído pelo Império Babilônico em 586 a.C., que resultou na destruição do Primeiro Templo e no exílio da população judaica.

Após o exílio babilônico, os judeus retornaram à terra sob o domínio persa e reconstruíram o Templo em Jerusalém, conhecido como o Segundo Templo, que se tornou o centro da vida religiosa judaica. Mesmo após a conquista da região por outros impérios — Grego e Romano —, comunidades judaicas continuaram a existir na Palestina, ainda que dispersas devido a revoltas e expulsões, como a revolta de Bar Kokhba (132-136 d.C.), quando o imperador romano Adriano tentou eliminar a presença judaica e renomeou a região de “Síria Palestina”.

Embora muitos judeus tenham sido exilados ao longo dos séculos, a presença judaica na região nunca foi totalmente interrompida, com comunidades em Jerusalém, Hebron, Safed e Tiberíades ao longo dos séculos.


A criação do Estado de Israel foi o ponto culminante de uma longa e complexa história que envolveu movimentos ideológicos, perseguições e decisões internacionais. O impulso inicial veio com o movimento sionista, nascido no final do século XIX, numa época em que o antissemitismo na Europa era cada vez mais evidente e violento. O sionismo, liderado por figuras como Teodor Herzl, pregava que o povo judeu precisava de um lar nacional para escapar das constantes perseguições. A região da Palestina, com seus laços históricos e religiosos com o judaísmo, surgiu como o destino desejado, mesmo que, naquele momento, estivesse sob o controle do Império Otomano e habitada por uma população majoritariamente árabe.

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1917, a Declaração de Balfour mudou o cenário internacional em favor do sionismo. Nessa declaração, o governo britânico anunciou apoio à criação de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina. Esse apoio foi estratégico, pois os britânicos, que então lutavam contra o Império Otomano, queriam influenciar o futuro daquela região. No entanto, a declaração foi ambígua: ao mesmo tempo que apoiava os judeus, prometia que nada seria feito em detrimento dos direitos civis e religiosos dos árabes locais.


Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações concedeu à Grã-Bretanha o mandato sobre a Palestina, formalizando seu controle na região e gerando tensões entre judeus e árabes. Nas décadas seguintes, a imigração judaica aumentou, alimentada pela necessidade de escapar do antissemitismo europeu e, posteriormente, das políticas nazistas. A Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, em particular, fortaleceram o clamor internacional por um estado judeu seguro. Cerca de seis milhões de judeus haviam sido assassinados pelo regime nazista, e a brutalidade do genocídio reforçou a urgência de uma pátria segura e autônoma para o povo judeu.

Após a guerra, a ONU assumiu um papel fundamental ao propor um plano de partilha da Palestina em 1947. Esse plano sugeria a criação de dois estados: um judeu e um árabe, com Jerusalém sob controle internacional. Os líderes sionistas aceitaram a proposta, apesar de suas limitações, mas a liderança árabe a rejeitou, alegando que a divisão era injusta para os árabes palestinos que compunham a maioria da população e possuíam a maior parte das terras.


Em 14 de maio de 1948, o líder sionista David Ben-Gurion proclamou a independência do Estado de Israel, estabelecendo formalmente a nação. A reação foi imediata: no dia seguinte, uma coalizão de países árabes declarou guerra a Israel, dando início ao conflito árabe-israelense. Apesar das dificuldades e da oposição inicial, Israel sobreviveu ao conflito e consolidou sua posição na região.

Desde então, a criação de Israel transformou-se num ponto de constante disputa e negociações, especialmente quanto ao destino dos árabes palestinos, muitos dos quais se tornaram refugiados com a guerra de 1948 e continuam até hoje a lutar por reconhecimento e direitos territoriais.

*Cláudio Luiz Lottenberg é médico oftalmologista e presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB)

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