Advogado de Trump cancela viagem à Ucrânia após polêmica
Rudy Giuliani pediu às autoridades americanas uma investigação sobre o ex-vice-presidente Joe Biden, aspirante democrata às eleições de 2020
Internacional|Da EFE
Rudy Giuliani, o advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou uma viagem à Ucrânia destinada a pedir às autoridades do país uma investigação sobre o ex-vice-presidente Joe Biden, aspirante democrata às eleições de 2020.
"Não viajarei à Ucrânia", disse Giuliani na noite de sexta-feira (10) à emissora "Fox", ao culpar os democratas por terem usado sua visita a Kiev para se beneficiar politicamente.
"Eles (os democratas) dizem que estava me envolvendo nas eleições. Isso é ridículo", afirmou.
No entanto, Giuliani argumentou que cancelou a viagem não pelas críticas da oposição democrata, mas porque, se viajar para Kiev, estará tratando "com um grupo de pessoas inimigas do presidente, e em um caso específico, com uma pessoa que foi condenada por ajudar os democratas nas eleições de 2016".
O advogado de Trump não explicou a quem se referia e nem porque pensa que, se viajasse para Kiev, estaria se relacionando com "inimigos" de Washington.
Nesta semana, Giuliani tinha anunciado o desejo de viajar à Ucrânia para se reunir com o presidente eleito do país, Vladimir Zelenski, e pedir que investigue a participação do filho de Biden, Hunter, em uma empresa de gás propriedade de um oligarca ucraniano.
Em 2016, quando ainda era vice-presidente dos EUA, Biden ameaçou cortar US$ 1 bilhão em garantias de empréstimos à Ucrânia se Kiev não despedisse o procurador-geral ucraniano, Viktor Shokin, acusado de ignorar a corrupção em seu próprio país e que foi finalmente destituído.
Shokin tinha aberto várias investigações contra o oligarca Mykola Zlochevski, proprietário da companhia de gás Burisma. No momento em que o procurador-geral foi demitido, Hunter, filho de Biden, fazia parte do Conselho Administrativo da empresa em questão.
Biden reagiu há tempos a esse aparente conflito de interesse, ao assegurar que se informou pela imprensa que seu filho estava no Conselho Administrativo da Burisma.
Mas vários aliados de Trump viram cunho político neste episódio, já apontado para as eleições de 2020, e Giuliani já falou sobre o tema com o atual procurador-geral da Ucrânia em várias reuniões neste ano em Nova York, segundo o jornal "The New York Times".
O atual procurador-geral da Ucrânia, Yuri Lutsenko, reabriu em março a investigação sobre a Burisma, em um passo que alguns interpretaram como um favor a Trump, mas o presidente eleito ucraniano planeja substituir Lutsenko e, por isso, Giuliani quer convencê-lo a seguir com a investigação.
Esta nova polêmica acontece após o fim da investigação do procurador especial, Robert Mueller, sobre a suposta ingerência russa nas eleições de 2016 e os laços entre o Kremlin e membros da campanha presidencial de Trump.
Essa investigação apontou que o líder não se coordenou com a Rússia durante o pleito, mas resultou na acusação de 34 indivíduos.