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Afegãos vão às ruas em maior manifestação desde 15 de agosto

Atos resultaram em prisões, denúncias de agressões físicas e, segundo uma autoridade, na morte de dois civis em Herat

Internacional|Da EFE, com R7

Na capital, mulheres e homens foram às ruas com bandeiras e cartazes
Na capital, mulheres e homens foram às ruas com bandeiras e cartazes

Afegãos de várias localidades do país foram às ruas nesta terça-feira (7) para se manifestar contra o Talibã e um suposto apoio do Paquistão ao grupo fundamentalista, a maior demonstração de descontentamento contra o novo governo desde 15 de agosto.

Os atos resultaram na prisão de manifestantes e jornalistas, denúncias de agressões físicas e, segundo o diretor diretor da Amaso (Organização de Aconselhamento e Apoio aos Migrantes do Afeganistão) em publicação no Twitter, na morte de dois civis na cidade de Herat.

Na capital, mulheres e homens foram às ruas com bandeiras e cartazes, usando "liberdade" como palavra de ordem. Diversos manifestantes expressavam apoio à Frente Nacional de Resistência, que segue lutando em Panjshir contra o grupo fundamentalista.

O grupo insurgente já divulgou que conseguiu tomar a única província que não controla, o que encerraria a guerra no Afeganistão, mas os combatentes oposicionistas negaram a informação e garantiram que seguem lutando na região.


O povo de Panjshir tem o direito de se defender, e os talibãs devem utilizar meios pacíficos para negociar com os líderes das forças de resistência", disse um manifestante à Agência Efe.

Tentativa de dispersar atos

Pelo menos duas testemunhas ouvidas pela equipe de reportagem apontaram que integrantes do grupo fundamentalista tentaram dispersar as manifestações com tiros para o alto, em sinal de advertência.


Equipes de jornalismo também indicaram tentativa de repressão contra o trabalho de funcionários, como o serviço de notícias afegão Tolo, que emitiu comunicado afirmando que o cinegrafista Wahid Ahmadi foi agredido por talibãs antes de ser detido durante algumas horas.

O repórter Bais Hayat, da emissora de televisão local Ariana News, por sua vez, garantiu que outros dois colegas foram presos por talibãs e levaram algumas horas até serem colocados em liberdade.


Testemunhas também relataram à Agência Efe inúmeras detenções de pessoas que participavam dos protestos.

Fawzia Wahdat, uma das organizadoras da manifestação realizada em Cabul, afirmou que centenas de mulheres foram detidas temporariamente pelos talibãs.

"Nos disseram que as tinham levado para um lugar seguro e que não tinham sido presas", disse a ativista, que ainda revelou ter visto muitas pessoas sendo agredidas.

Um porta-voz do grupo fundamentalista, que pediu para ser mantido no anonimato, afirmou à Efe que os participantes do protesto estavam tentando provocar conflitos e fragilizar a segurança de Cabul.

"Incitar as pessoas contra nosso sistema implica se rebelar. E a punição contra os rebeldes está clara", afirmou o representante talibã.

Paquistão na mira dos protestos

A resistência em Panjshir denunciou em diversas oportunidades que o Paquistão está dando apoio militar aos talibãs para atacar a província, o que vem sendo negado pelo país vizinho, mas gerou revolta na população que saiu às ruas.

"O Paquistão sempre deu apoio aos talibãs, e os talibãs deveriam recusar o apoio paquistanês se querem governar o Afeganistão", disse Salim Parwani, que participou dos atos em Cabul.

Os Estados Unidos, durante anos, acusaram o Paquistão de abrigar no território e dar suporte aos talibãs, ao mesmo tempo em que recebia bilhões de dólares de Washington para atuar apoiando as tropas americanas em solo afegão.

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