Aiea confirma que Irã enriquece urânio acima da pureza permitida

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) confirmou nesta segunda-feira (8) que o Irã está enriquecendo urânio acima dos 3,67% de pureza que foram estabelecidos no acordo de 2015 que o país selou com Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, China e Rússia - o nível é o limite para esse combustível ser usado somente para fins civis.

Este é o segundo descumprimento do acordo por parte do Irã. Na semana passada, o país ultrapassou os 300 quilos de hexafluoreto de urânio enriquecido a 3,67% estabelecidos também nesse pacto, em resposta às sanções dos Estados Unidos e diante do que Teerã considera uma postura passiva por parte da União Europeia.

"O diretor-geral, Yukiya Amano, informou ao Conselho de Governadores da Aiea que os inspetores da Agência verificaram em 8 de julho que o Irã está enriquecendo urânio acima de 3,67%", informou um porta-voz dessa agência da ONU à Efe.

O Irã já tinha anunciado ontem que começaria a ultrapassar esse limite, ao término do ultimato de 60 dias que tinha dado aos signatários europeus do acordo nuclear para que compensem as sanções dos EUA, que se retirou do pacto no ano passado.

O Conselho de Governadores da Aiea, órgão executivo da agência, se reunirá nesta quarta-feira em Viena, na Áustria, para analisar a situação do programa nuclear iraniano.

O acordo de 2015, selado após meses de duras negociações, pôs fim a mais de uma década de conflito diplomático pelo programa atômico que o Irã ocultou durante uma década e sobre o qual havia suspeitas de uma intenção militar.

Em troca de limitar o tamanho e a intensidade dos seus esforços nucleares e de aceitar um estrito regime de inspeções da Aiea, o Irã viu as sanções que abalavam sua economia passarem a ser suspensas.

Superar a pureza de 3,76% não significa se aproximar imediatamente dos 90% necessários para fabricar uma bomba, mas representa um salto no complicado processo técnico de enriquecer urânio.

O Irã ameaçou continuar ampliando algumas das partes do seu programa nuclear que havia paralisado com o acordo, como a construção de um reator de água pesada para produção de plutônio.