Ameaça de Brexit duro faz libra cair ao valor mais baixo em 2 anos
Moeda britânica que estava sendo negociada a pouco mais de R$ 5 no dia do referendo de 2016 caiu 0,4%, o menor valor desde março de 2017
Internacional|Do R7
A libra esterlina atingiu a cotação mínima em dois anos nesta segunda-feira (29), quando o governo do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que supõe que não haverá um acordo para a separação britânica da União Europeia porque o bloco se recusa a renegociar o pacto.
Muitos investidores dizem que um Brexit sem acordo desencadeará ondas de choque na economia mundial, mergulhará a economia britânica na recessão, abalará os mercados financeiros e enfraquecerá a posição de Londres como centro financeiro internacional proeminente.
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A libra, que estava sendo negociada a US$ 1,50 (pouco mais de R$ 5) no dia do referendo de 2016, caiu 0,4% e ficou em US$ 1,2325, o menor valor desde março de 2017.
A aposta de Johnson é que a ameaça de um Brexit sem acordo persuadirá as grandes potências da UE, Alemanha e França, a concordarem em revisar o pacto de saída que a ex-premiê Theresa May acertou em novembro, mas fracassou três vezes em aprovar no Parlamento britânico.
Mas os 27 outros membros da UE dizem em público e em particular que o acordo não está em discussão. Muitos diplomatas da UE dizem que uma eleição é altamente provável.
"É preciso haver alguma mudança da UE, e se a UE não estiver disposta a ceder nem um pouco precisamos estar prontos para dar algum desfecho ao país", disse o secretário das Relações Exteriores, Dominic Raab, acrescentando que Londres está "turbinando" preparativos para um Brexit sem acordo.
Raab disse que o Reino Unido quer um acordo, mas retratou o bloco várias vezes como "teimoso". Indagado se estava ameaçando a UE — cuja economia de 15,9 trilhões de dólares (mais de R$ 60 trilhões) é quase seis vezes maior que a britânica —, ele respondeu: "Não sou fazendo nenhuma ameaça".
Fundos de cobertura elevaram suas aplicações de curto prazo em libra esterlina ao maior nível em quase um ano. Um sinal de que os investidores estão correndo para se protegerem das oscilações cambiais perto da saída de 31 de outubro foi a elevação da volatilidade implícita de três meses ter alcançado uma alta de quatro meses.
Johnson disse a líderes da UE que debaterá o Brexit quando estes indicarem que estão dispostos a ceder no pacto de saída, caso contrário seu país se preparará para sair sem um acordo, disse sua porta-voz nesta segunda-feira.
As diferenças a respeito do Brexit tensionaram os laços que unem o Reino Unido. Embora 52% da nação tenha optado pela ruptura em 2016, a Escócia e a Irlanda do Norte votaram pela permanência na UE, e o País de Gales e a Inglaterra pela desfiliação.