Ameaças e assassinatos marcam a campanha eleitoral no México
Às vésperas de uma eleição para mais de 3 mil cargos públicos, a violência atinge candidatos e eleitos no México
Internacional|Fábio Fleury, do R7, com Reuters
Com a eleição geral no México se aproximando, uma onda de violência tomou conta do país. Pelo menos 82 candidatos e ocupantes de cargos públicos foram mortos desde o início da corrida eleitoral, em setembro, de acordo com um levantamento feito em conjunto pela Etellekt, empresa mexicana de consultoria de segurança, e pela agência Reuters.
A eleição, marcada para 3 de junho, vai eleger o novo presidente do México, além de membros do Senado e do Congresso, dos governadores de alguns dos estados e deputados estaduais por todo o país.
Guerra entre cartéis
A violência pré-eleitoral atinge principalmente o estado de Guerrero, no sudoeste do país, onde pelo menos oito candidatos à assembleia estadual foram mortos nos últimos seis meses. Cartéis de narcotraficantes lutam pelo controle da produção e tráfico de drogas na região, a maior produtora de papoula do México.
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No início deste mês, as diversas facções chegaram a fazer um acordo de cessar-fogo, pelo menos durante o período eleitoral. A paz não durou. Dias depois, o chefe da polícia da cidade de Chilapas, Abdon Castrejon Legideno, foi morto a tiros.
Autoridades eleitorais avisaram que o derramamento de sangue pode afetar a participação dos moradores na eleição em algumas áreas. Para o governo, o que está acontecendo é um ataque à democracia e ao estado de direito. Candidatos estão recebendo escoltas e, em alguns casos, carros blindados, mas as medidas por enquanto não conseguiram diminuir a violência.
Em 20 de novembro de 2017, homens armados entraram na casa de Santana Cruz Bahena, que havia acabado de ser eleito prefeito da cidade de Hidalgotitán, no leste do México. O político e três de seus guarda-costas foram executados ali mesmo.
Ameaças por telefone
Magda Rubio tinha acabado de lançar sua campanha para a prefeitura de Guachochi, uma pequena cidade no estado de Chihuaua, no norte do México, quando recebeu uma ligação ameaçadora em seu celular. “Desista da eleição ou será morta”, disse a voz de um homem.
Foi a primeira de quatro ameaças de morte que Rubio alega ter recebido desde janeiro, sempre com a mesma voz desconhecida. Ela continua concorrendo à prefeitura, mas agora tem a companhia permanente de dois guarda-costas. O estado de Chihuaua, uma região montanhosa na fronteira com os Estados Unidos, é uma região-chave para o tráfico de heroína.
Influência nacional
Segundo especialistas em segurança ouvidos pela Reuters, os cartéis de drogas são suspeitos da maior parte da violência. Com um total de 3326 cargos públicos que estarão em disputa na eleição de julho, os grupos criminosos parecem estar correndo atrás de solidificar sua influência nas cidades do interior.
De acordo com pesquisas realizadas entre os eleitores, a principal preocupação nacional é a segurança pública. No ano passado, o México bateu um recorde histórico, com 29 mil assassinatos, a maior parte deles ligadas à guerra entre os cartéis e destes contra o governo.