Análise: economia em frangalhos afasta Irã de conflito com os EUA
País sofre sob o regime dos aiatolás: inflação de 40% ao ano e desemprego assolam população, enquanto religiosos e elite militar têm os cofres lotados
Internacional|Herbert Moraes, correspondente da Record TV em Israel
A situação é bastante tensa no Oriente Médio, mas, para acalmar os ânimos, uma pequena análise para mostrar que, de fato, nenhum dos dois lados — nem Estados Unidos nem Irã — está interessado numa guerra.
Menos de uma semana depois da execução do top general iraniano Qassen Soleimani e de um ataque na noite passada a uma base americana no Iraque, a tendência é que os ânimos se acalmem.
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Ao contrário das previsões, as bolsas de valores do mundo inteiro não despencaram, o preço do petróleo não disparou e a cotação do barril é considerada normal. Para a maioria dos 81 milhões de iranianos, somente uma fração deles de fato se importa com a morte do general.
Os milhares que foram para as ruas nos últimos dias, segundo especialistas, eram membros de milícias e de organizações pró-Irã.
A maior parte dos iranianos considera Soleimani um homem cruel, que matou milhares de iranianos, iraquianos e sírios. E isso é um indicativo da opinião pública. A população do Irã sofre sob o regime dos aiatolás.
A economia do país está em frangalhos, a inflação passa dos 40% ao ano e é o mercado informal que faz a economia funcionar. As exportações de gás e óleo estão em colapso e o desemprego atinge 20% (sendo que 30% deles são jovens).
Ao contrário e em contraste à pobreza da população local, a classe dominante religiosa e a elite militar estão com os cofres lotados.
Isso explica porque os iranianos que não são religiosos não estavam presentes no funeral de Soleimani. A força militar do Irã também não pode ser descartada, mas os problemas internos são ainda muito maiores que um possível conflito do país com os Estados Unidos.
A vingança que aconteceu nesta noite, se não for continuada, deverá encerrar mais um round entre os dois países. Será o peso da vingança que vai determinar se uma guerra entre os EUA e o Irã deverá começar.