Análise: rapidez nas negociações das tarifas pode ser bandeira tanto para Lula como para Trump

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que os Estados Unidos vão responder até a próxima semana sobre a proposta brasileira para o tarifaço americano. A declaração do chanceler brasileiro vem após uma reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, nesta quinta-feira (13).

A conversa entre os representantes dos países é a terceira desde o início da imposição das sobretaxas pelo governo de Donald Trump, em agosto. Vieira ainda declarou que Trump manifestou o desejo de chegar a uma resolução o mais breve possível. Já Rubio afirmou que assuntos de importância mútua foram debatidos e um marco recíproco para a relação comercial entre as duas nações.

Para Kleber Galerani, professor de direito e relações internacionais da Universidade de Franca (SP), a postura de Trump em solicitar uma celeridade nas negociações mostra um desejo do presidente em manter o discurso para seu público interno de que soluciona problemas rapidamente — medida que pode ser um trunfo para redesenhar as cadeias de comércio a favor dos Estados Unidos.

No entanto, o professor explica que a ideia do presidente americano é a mesma vista pelo seu par brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que busca defender uma imagem de força e de um país que possui capacidade de negociar e enfrentar grande potências mundiais em debates. Em entrevista ao Conexão Record News desta sexta-feira (14), Galerani pontua que tal posicionamento é importante para o chefe do Executivo nas eleições que se aproximam no próximo ano.

“Se nós olharmos pela nossa Constituição, entre os princípios regedores das relações nacionais está o respeito à soberania, a não ingerência em assuntos internos de outros Estados, então aqui há um jogo diplomático bastante delicado, uma vez que nós estamos falando que os dois líderes estão falando, dito de serem democracias, tanto para o público interno, tanto para os seus eleitores, quanto para os seus deputados”, comenta.

Mesmo com os dois países buscando celeridade nos acordos, o professor lembra que negociações apressadas podem trazer resultados desastrosos para ambos os lados, sendo necessária uma análise com atenção dos termos definidos no documento futuro. Com a vista de uma solução para a questão das tarifas, ele lembra que o ponto principal em jogo é diminuir o prejuízo para os empresários, principalmente os brasileiros.

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