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Anistia Internacional acusa países ricos de desprezarem refugiados: "A situação está insustentável"

Segundo ONG, só 10 países, de PIB baixo, recebem a maioria destas pessoas; Canadá é exceção

Internacional|Do R7

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Refugiados passam por dificuldades em diferentes situações
Refugiados passam por dificuldades em diferentes situações

O drama dos refugiados tem se tornado insustentável não somente pela abominável situação que os obriga a deixar seus países mas também pela falta de acolhimento necessário em outros. O relatório "Para enfrentar a crise global de pessoas refugiadas: da negação ao compartilhamento de responsabilidade", divulgado pela ONG Anistia Internacional, nesta terça-feira (4), traz um retrato do que a entidade chama de descaso de vários países em relação à questão. Um trecho do estudo traz a seguinte afirmação:

— Os países ricos demonstram uma absoluta falta de liderança e responsabilidade ao deixar que somente 10 países – que representam menos de 2,5% do PIB mundial – recebam 56% da população refugiada no mundo.


Esses países de baixo índice de desenvolvimento, que ficam responsáveis por receber um enorme contingente de refugiados, são, pela ordem: Jordânia, Turquia, Paquistão, Líbano, Irã, Etiópia, Quênia, Uganda, República Democrática do Congo e Chade. No Reino Unido, por exemplo, somente 8 mil sírios chegaram desde 2011, quando se iniciou a guerra na Síria. A vizinha Jordânia - cuja população é quase 10 vezes menor e o PIB representa 1,2% em relação ao do Reino Unido - abriga mais de 655 mil pessoas que fugiram da Síria.

A Anistia não faz distinção em relação às dificuldades passadas por todos os tipos de refugiados, entre os 21 milhões contabilizados pela entidade no mundo. Elas acompanham desde os que precisam com urgência de um lar - como os da Grécia, Iraque, Nauru (país insular na Oceania, rota para a Austrália) ou na fronteira com a Síria - até os que sofrem com a pressão de governos locais autoritários, como Quênia e Paquistão.


Tal desequilíbrio no acolhimento aos refugiados precisa de uma solução prática e equitativa, segundo o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty.

— Apenas 10 dos 193 países do mundo são o lar de mais da metade dos refugiados. Alguns países são forçados a fazer muito mais do que podem simplesmente por causa de sua proximidade com áreas de crise. Esta situação é insustentável e resulta em sofrimento e miséria para milhões de pessoas que fogem de guerras e perseguições em países como a Síria, o Sudão do Sul, o Afeganistão e o Iraque.


Pelas palavras de Shetty, o momento exige conscientização dos líderes de que, acima de tudo, o auxílio a um refugiado é um ato que não só está ao alcance, mas tem se tornado cada vez mais uma obrigação humanitária dos governos.

— É hora de os líderes entrarem em um debate sério e construtivo sobre como nossa sociedade vai ajudar as pessoas que são forçadas a deixar suas casas por causa da guerra e da perseguição. Eles devem esclarecer por que oferecem ajuda a bancos, desenvolvem novas tecnologias e participam de guerras, mas são incapazes de fornecer locais seguros para 21 milhões de refugiados, o que representa apenas 0,3% da população mundial.


Divisão justa

O melhor caminho para superar essa crise, de acordo com as palavras do secretário-geral, é com o diálogo e uma divisão justa das responsabilidades das várias nações.

— Se os governos trabalharem em conjunto para compartilhar a responsabilidade, podemos garantir que as pessoas que tiveram de abandonar as suas casas ou seus países possam reconstruir com segurança suas vidas em outro lugar. Se não agirmos, as pessoas vão morrer – por afogamento ou por doenças adquiridas nos insalubres acampamentos e centros de detenção ou ainda quando são obrigados a regressar às áreas de conflito das quais fugiram.

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A Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), de acordo com a Anistia, considera que mais de 1 milhão de refugiados em todo o mundo são vulneráveis e precisam com urgência de acolhimento em outros países. Neste grupo estão sobreviventes de violência e tortura, mulheres e meninas em situação de risco, e pessoas com necessidades médicas graves.

E a situação retrata o desequilíbrio, segundo a Anistia, já que somente algo em torno de 30 países oferecem locais de instalação para essas pessoas, sendo que o total de "locais de reinstalação" está diminuido a cada ano. Somente 107.100 refugiados foram aceitos para reassentamento em 2015.

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