Morales foi apontado como vencedor da eleição
Martin Alipaz / EFE - 24;10.2019O presidente da Bolívia, Evo Morales, é o virtual vencedor em primeiro turno das eleições gerais do país, superando por 10,56 pontos percentuais o opositor Carlos Mesa, segundo colocado no pleito, que alega ter havido fraude na apuração. Com isso, o presidente irá para o quarto mandato seguido.
Com 99,99% das atas eleitorais contabilizadas, Evo tem 47,07% dos votos. Mesa, ex-presidente do país, desta vez representando a aliança Comunidade Cidadã, ficou com 36,51%, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia.
Os 0,01% ainda restantes correspondem a quatro atas de votação canceladas na região amazônica de Beni.
O candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) vence sem a necessidade de segundo turno por ter obtido mais de 40% dos votos e superado seu principal adversário por 10 pontos percentuais, como prevê a legislação eleitoral boliviana.
O órgão eleitoral ainda não proclamou formalmente a vitória de Morales, mas Mesa já havia antecipado que não reconheceria qualquer derrota em primeiro turno por considerar que há uma "fraude gigantesca" em favor do atual presidente da Bolívia.
Mesa exige a realização de um segundo turno com apoio da Organização de Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE), que também levantaram dúvidas sobre a transparência da apuração dos votos das eleições do último domingo.
Os governos de Brasil, Argentina, Colômbia e Estados Unidos também apoiaram a realização de um segundo turno entre Morales e Mesa caso a missão de observação eleitoral da OEA não consiga garantir que a apuração foi "transparente e crível".
Morales disse pela manhã, em pronunciamento em La Paz, que aceitaria disputar um segundo turno caso fosse esse o resultado da votação. Mesa, por sua vez, reiterou o chamado para que os bolivianos protestem pacificamente até que a nova votação ocorra.
O sistema eleitoral boliviano considera vencedor em primeiro turno o candidato que atingir 50% dos votos mais um ou aquele que atingir mais de 40% e dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Se nenhum dos critérios for cumprido, os dois mais votados se enfrentam em um novo turno.
A apuração dos votos, que durou quatro dias, ocorre em meio a protestos no país, com ataques a sedes do órgão eleitoral em várias regiões. Opositores e movimentos sociais consideram que o TSE trabalha para favorecer Morales.
Os opositores convocaram hoje manifestações em cidades como La Paz, sede do governo e do Legislativo, para protestar contra os resultados que consideram fraudulentos.