Arce diz que retomará relações da Bolívia com Cuba e Venezuela
Virtual vencedor da eleição boliviana disse que vai reverter medidas de política externa do governo interino e critica atuação da OEA no país
Internacional|Da EFE
O restabelecimento das relações com países como Cuba, Venezuela e Irã será uma das tarefas para redirecionar a política externa boliviana que Luis Arce, o virtual vencedor das eleições gerais de 18 de outubro na Bolívia, planeja realizar.
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Arce, o candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) de Evo Morales, garantiu nesta terça-feira (20), em entrevista à Agência Efe, que, se sua vitória for confirmada, a Bolívia restabelecerá as relações com países como Cuba e Venezuela, que foram quebradas pelo governo de transição de Jeanine Áñez.
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"Vamos restabelecer todas as relações. Este governo agiu de forma muito ideológica, privando o povo boliviano do acesso à medicina cubana, à medicina russa, aos avanços na China. Devido a uma questão puramente ideológica, a população tem sido exposta de uma forma desnecessária e prejudicial", analisou.
Luis Arce expressou a disposição de "abrir a porta para todos os países, a única exigência é que eles respeitem a nós e nossa soberania, nada mais".
"Para todos os países, não importa o tamanho, que desejam um relacionamento com a Bolívia, a única exigência é que nos respeitemos mutuamente, como iguais. Se for o caso, não temos nenhum problema", comentou.
O governo interino da Bolívia decidiu, em janeiro, suspender as relações diplomáticas com Cuba por causa "da permanente hostilidade e das constantes queixas" ao governo cubano, embora não considerasse ser uma ruptura total, depois que médicos bolivianos que vinham apoiando o sistema de saúde boliviano durante anos com Evo Morales tiveram que sair.
No caso da Venezuela, Áñez não reconheceu o presidente Nicolás Maduro e, em vez disso, reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como mandatário.
Críticas à OEA
Luis Arce também falou sobre a Organização dos Estados Americanos (OEA). O MAS sempre denunciou que o relatório sobre a suposta manipulação dos resultados das eleições na Bolívia há um ano, que posteriormente foram anuladas, foi decisivo no suposto golpe de Estado, do qual o partido afirma que Morales foi a vítima.
"Temos muitas observações sobre o trabalho que a OEA tem feito aqui na Bolívia desde o ano passado. Nós dissemos claramente, e se estes erros não forem corrigidos, continuaremos a observar tudo o que a OEA tem feito na Bolívia", declarou.
"Ela violou as leis. Uma das leis dos observadores que chegam para as eleições é não se envolver em assuntos internos, e essa foi a primeira coisa que a OEA fez ao se envolver em assuntos internos. Isso é uma ofensa grave ao povo boliviano", denunciou.
Arce acrescentou que a organização "tem que reparar seus erros": "Se não fizerem isso, nós trabalharemos com os países e organizações internacionais que nos respeitam", sublinhou.
"Vamos ser um governo amplo, aberto a todos os tipos de relações internacionais com os países, com organizações internacionais que nos respeitem com soberania e como países", frisou.