Argentina adota série de medidas para frear coronavírus
Duas semanas depois da confirmação do primeiro caso, governo determinou isolamento, fechamento de fronteiras e restrições de movimento
Internacional|Da EFE
A Argentina, que nesta terça-feira (18) completa duas semanas desde a confirmação do seu primeiro caso de coronavírus, tem tomado medidas cada vez mais drásticas para tentar deter a progressão da doença.
Estas são as principais ações tomadas pelo país vizinho, que até agora tem 79 casos confirmados da Covid-19, com duas mortes.
Isolamentos obrigatórios
Na última quinta-feira, ao decretar emergência sanitária, o governo de Alberto Fernández estabeleceu o isolamento obrigatório por 14 dias para os casos confirmados de coronavírus, aqueles que chegaram à Argentina nas últimas duas semanas provenientes das áreas afetadas - Europa, Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, China e Irã -, aqueles que são considerados casos suspeitos ou que mantiveram contato próximo com essas pessoas.
O não cumprimento da quarentena pode estar sujeito a sanções penais e, de fato, nos últimos dias, a Argentina expulsou os estrangeiros por não cumprimento da medida.
Locais de trabalho estão mais vazios
Para além do isolamento obrigatório, o Governo concedeu licenças para trabalhadores com mais de 60 anos de idade - exceto os do setor da saúde -, mulheres grávidas e pessoas com doenças de alto risco anteriores que trabalham no setor público.
O restante dos funcionários públicos, sempre que possível, desempenham as suas tarefas a partir de suas casas. O Executivo recomendou que o setor privado adotasse medidas semelhantes para minimizar os deslocamentos aos locais de trabalho.
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Cancelamento de voos e fechamento de fronteiras
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Também na última quinta-feira, a Argentina decidiu suspender os voos internacionais de passageiros das "áreas afetadas" pela doença por 30 dias. O decreto estabeleceu que essas regiões são os Estados que integram a União Europeia, membros do espaço Schengen, o Reino Unido, os Estados Unidos, a Coreia do Sul, o Japão, a China e o Irã. A esses se juntaram nesta segunda-feira o Brasil e o Chile.
A partir de hoje, somente a estatal Aerolíneas Argentinas está autorizada a realizar operações de transferência de e para as áreas afetadas.
Além disso, no último domingo, o Executivo ordenou o fechamento das fronteiras por pelo menos 15 dias para evitar a propagação do coronavírus. Somente argentinos ou estrangeiros residentes na Argentina podem entrar no país.
Mais restrições ao transporte
A fim de evitar a circulação no interior do país em vista do feriadão de segunda e terça-feira da semana que vem, hoje o Governo providenciou que trens e ônibus de longa distância e voos domésticos não operem a partir da meia-noite desta quinta e voltem apenas no próximo dia 25.
Além disso, os ônibus e trens que operam em Buenos Aires e seus arredores só poderão circular com passageiros sentados a partir desta quinta até 31 de março.
Suspensão das aulas
No domingo, o governo anunciou a suspensão das aulas do ensino fundamental e médio durante duas semanas, embora outras funções das escolas, como as cantinas, permaneçam abertas. Todos os parques nacionais estão fechados.
Muitas universidades também decidiram suspender as aulas, e na segunda-feira o governo anunciou o lançamento de uma plataforma online para a divulgação de conteúdos educativos.
Sem entretenimento nem futebol
Medidas preventivas levaram lojas, bancos e repartições públicas a limitar o serviço, por exemplo, restringindo o número de pessoas que podem entrar nos locais. Além disso, estão em vigor proibições de eventos culturais e esportivos que reúnem um grande número de pessoas, para evitar que o vírus se propague na multidão.
Isso levou ao fechamento de teatros, cinemas e museus, entre outros locais de entretenimento, e a uma avalanche de cancelamentos de festivais, show e jogos de futebol, incluindo a Taça Libertadores, a Copa Sul-Americana e a Copa da Superliga local. Soma-se a isso o adiamento da Copa América, que aconteceria entre junho e julho na Argentina e na Colômbia e ficou para 2021.
Paliativos para economia já bastante prejudicada
Nesta terça-feira, o governo anunciou uma série de medidas de ajuda para tentar conter os efeitos do coronavírus na economia local, que está em recessão há quase dois anos, com altas taxas de inflação.
O Executivo isentou temporariamente as empresas do pagamento de impostos sobre o trabalho, ajudará a pagar parte dos salários das companhias em crise, reforçará o seguro-desemprego, incentivará créditos para a produção e construção e aumentará o orçamento para obras públicas.
Além disso, impôs preços máximos por 30 dias para os produtos da cesta básica, tendo em vista os fortes aumentos dos últimos dias, e disse que vai monitorar e penalizar os abusos comerciais.
Por outro lado, foram anunciadas medidas de ajuda para os setores de menor rendimento, tais como pagamentos adicionais aos aposentados e beneficiários de subsídios sociais e aumento da ajuda aos restaurantes populares.