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Argentina entrega 9.000ª identidade alterada por lei

A entrega foi realizada pelo presidente do país durante cerimônia na Casa Rosada. A Lei de Identidade de Gênero foi aprovada pelo Congresso em 2012

Internacional|Da EFE

Lei de Identidade de Gênero foi aprovada em 2012 na Argentina
Lei de Identidade de Gênero foi aprovada em 2012 na Argentina

O presidente da Argentina, Alberto Fernández entregou, nesta quinta-feira (13), o cartão de identidade de número 9.000 ratificada de acordo com a Lei de Identidade de Gênero, aprovada no país há oito anos. O ato ocorreu durante cerimônia no Salão dos Povos Nativos, na Casa Rosada. 

"Muito bom dia a todos, todas e todes". Com essa saudação, a locutora oficial iniciou o evento na sede do governo, em Buenos Aires, ao qual compareceram legisladores e integrantes de organizações sociais e de direitos humanos.

A médica, jornalista e compositora musical Isha Escribano recebeu seu cartão das mãos do chefe de estado, em um ato que ela descreveu como "encontro de amor e celebração, uma canção para a vida".

"Tenho um documento que representa minha identidade, e é um documento que me permite usar um sorriso no rosto", afirmou Isha. "A Argentina é um país que tem dívidas em muitos aspectos, mas está na vanguarda em muitos outros", acrescentou.


Uma sociedade melhor com direitos

Em 9 de maio de 2012, durante o governo de Cristina, atual vice-presidente, o Congresso aprovou a Lei de Identidade de Gênero, que, como observado hoje pelo governo, levou a um avanço nos direitos ao permitir que travestis e transexuais sejam tratados de acordo com sua identidade de gênero e sejam registrados em seus documentos e registros pessoais sob seu próprio nome. A norma veio dois anos após o parlamento ter aprovado a chamada Lei da Igualdade de Casamento.

"Aqueles foram anos maravilhosos para a Argentina, aqueles anos de Cristina. Você sabe que critiquei muito a Cristina, mas sempre disse que o seu primeiro governo foi o mais progressista e que ele estendia mais direitos na sociedade argentina", afirmou Fernández.


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"Estou feliz por alguém ver reconhecidos direitos que sempre teve, mas que lhe foram sempre negados. Costumo dizer que nós, como sociedade, éramos muito melhores quando concedíamos direitos, em um momento em que muitos nos pedem para retirar diretos das pessoas. Você não sabe o quanto eu comemoro o fato de que os argentinos, todos os argentinos, têm mais direitos a cada dia, que os cidadãos têm mais direitos. É a única coisa que torna uma sociedade melhor", comemorou.

Advogado como profissão e chefe do Gabinete de Ministros entre 2003 e 2008, o atual presidente lembrou como há alguns anos, antes da lei ser aprovada, ajudou a apresentar uma liminar para que uma mulher que entrou em contato com ele através do Facebook contando-lhe a sua situação pudesse ter a sua identidade reconhecida e ser chamada Maria Julia.


'Não somos bonsais'

Isha disse desejar que outras pessoas travestis e transexuais não precisam passar pelas dificuldades pelas quais passou e frisou que sua luta e a de outros ativistas é para que as próximas gerações vivam em um mundo melhor.

"Eu provoco muitas pessoas apenas pelo fato de existir e não sou valorizada pelo que trago à sociedade, mas pelo meu gênero. Há muita luz para trazer para este muito", lamentou a médica.

"Ninguém merece estar destinado a implorar por amor no subsolo. Não somos bonsais, quanto mais cortados mais bonitos, não se trata de se encaixar, trata-se de desabrochar. Este é um ato de floração, de amor, e nada floresce sem amor", considerou.

Isha relatou que por muito tempo se sentia envergonhada pelo que era, ou pelo que gostaria de ser, e revelou que em alguns momentos teve pensamentos suicidas.

"Durante anos, o meu primeiro pensamento do dia era 'tomo o café da manhã ou me mato?'. Eu não tinha lugar no mundo. E quando ganhei uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, em 2002, fui estudar budismo e hinduísmo, porque estava à procura de outra coisa para salvar a minha mente", disse.

Nessa viagem, ela levou uma mala com roupas de mulher e outra com roupas de homem. A jornalista contou que pensou em viver como mulher, se prostituir e nunca mais voltar para a Argentina.

"Isso hoje é um assunto leve. Agradeço a todas as pessoas que fizeram todo o possível e o impossível para que a lei de identidade de gênero fosse aprovada", finalizou.

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