Argentina: inflação faz preço dos alimentos disparar
População pressiona o presidente Alberto Fernández para maior assistência do Estado em planos sociais e alimentação
Internacional|Do R7, com AFP e EFE
A Argentina passa por um período de aceleração no aumento de preços. Em março, a inflação foi de 6,7%, atingindo uma média anual de 55,1%, uma das mais altas do mundo.
Os preços ao consumidor acumularam alta de 16,1% no primeiro trimestre deste ano. O item alimentação disparou e teve alta de 7,2% em março. Também houve fortes aumentos em educação (23,6%), vestuário e calçados (10,9%) e habitação, água, luz e gás (7,7%).
A atual situação econômica mobilizou a população argentina. Milhares de manifestantes marcharam no dia 13 de abril até o palácio do governo para exigir emprego ao presidente Alberto Fernández e maior assistência do Estado em planos sociais e alimentação.
Na última segunda-feira (18), o presidente argentino e o ministro da Economia, Martín Guzmán, anunciaram que bônus extraordinários serão concedidos a trabalhadores informais, autônomos e aposentados de baixa renda.
Fernández admitiu que seu governo está "fracassando" na distribuição de renda porque "a inflação consome grande parte dos aumentos salariais e da renda prevista para os setores mais vulneráveis".
O economista Víctor Beker, diretor do Centro de Estudos da Nova Economia da Universidade de Belgrano, atribuiu a elevação da inflação ao impacto dos aumentos previstos em energia e educação, mas também ao efeito da "subida no preço das commodities devido à guerra na Ucrânia".
Segundo dados oficiais, quase um terço dos empregados na Argentina são autônomos e três em cada dez assalariados trabalham na informalidade.
"Eu vejo as coisas muito mal, a economia está ficando fora de controle para este governo", disse à agência AFP Mario Almada, pedreiro de 60 anos que trabalha em uma cooperativa social e cuja maior preocupação é que "o dinheiro não é suficiente para comprar comida".