Armênia: protesto da oposição reúne milhares de pessoas
Manifestantes exigem a renúncia do primeiro-ministro Nikol Pachinian, criticado por aceitar o cessar-fogo que consagrou a vitória do Azerbaijão
Internacional|Da AFP
Milhares de manifestantes se reuniram neste sábado (5), no centro de Yerevan para exigir a renúncia do primeiro-ministro Nikol Pachinian, criticado por aceitar o cessar-fogo que consagrou a vitória do Azerbaijão após seis semanas de guerra na região de Nagorno Karabakh.
Mais de 10 mil pessoas se reuniram durante a tarde, de acordo com jornalistas da AFP, enquanto os manifestantes continuavam a fluir, segurando cartazes com "Nikol, o traidor" e gritando "Fora, Nikol".
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É a maior manifestação da oposição desde o início dos protestos contra o primeiro-ministro e ocorreu de forma pacífica.
A passeata parou na entrada das residências onde vivem figuras do governo e o próprio primeiro-ministro, antes de se dispersar.
O acordo assinado entre Baku e Yerevan sob mediação da Rússia em 9 de novembro concedeu importantes ganhos territoriais ao Azerbaijão e é considerado catastrófico por muitos armênios, que desde então exigem a renúncia de Pashinian.
Entre a multidão neste sábado, bandeiras da Armênia e de Nagorny Karabakh eram vistas, enquanto alguns agitavam fotos dos soldados que morreram nas linhas de frente.
"Nikol é um cadáver político. Não tenho a intenção de seguir um cadáver até seu túmulo", declarou à AFP Mania Khachatrian, de 49 anos.
"Por causa dele, nossa pátria, nosso povo, recebeu feridas de tal forma que serão necessárias várias gerações para curá-las", acrescentou.
Em virtude do acordo de 9 de novembro, a Armênia prometeu entregar três distritos - Lachin, Kalbajar e Aghdam - que escapavam ao controle do Azerbaijão desde 1994.
Esses distritos faziam parte de uma zona-tampão em torno de Nagorno Karabakh, uma região montanhosa habitada principalmente por armênios que se separaram do Azerbaijão após uma guerra na década de 1990.
O acordo, no entanto, permitiu a sobrevivência do diminuto Nagorny Karabakh e estabeleceu a implantação de um destacamento de 2.000 soldados russos de manutenção da paz que são responsáveis, em particular, por garantir a segurança do corredor de Lachin, que se tornou a única estrada que liga Nagorno Karabakh à Armênia.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou na quarta-feira o seu apoio a Nikol Pachinian, saudando a sua "coragem" perante uma "decisão muito difícil, mas necessária".
Em um discurso transmitido pela televisão neste sábado, Nikol Pachinian disse que não tinha intenção de renunciar, dizendo que a prioridade do governo agora é organizar o retorno dos prisioneiros de guerra e dos corpos das vítimas.
Do lado armênio, mais de 2.300 soldados e 50 civis morreram neste conflito.