Um ataque aéreo atingiu um centro de detenção de imigrantes majoritariamente africanos em um subúrbio de Trípoli, capital da Líbia, na noite de terça-feira (2), matando ao menos 44 pessoas e ferindo mais de 130, informou a Organização das Nações Unidas (ONU). Foi o maior saldo de vítimas de um ataque aéreo ou bombardeio noticiado publicamente desde que forças do leste leais a Khalifa Haftar iniciaram uma ofensiva com tropas terrestres e aeronaves três meses atrás para tomar a capital, sede do governo líbio reconhecido internacionalmente. A Líbia é um grande ponto de partida de imigrantes da África fugindo da pobreza e da guerra e tentando chegar à Itália de barco, mas muitos são apreendidos e levados de volta pela Guarda Costeira líbia, apoiada pela União Europeia. Milhares são mantidos em centros de detenção administrados pelo governo em condições muitas vezes desumanas, segundo grupos de direitos humanos e a ONU. Em maio, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) já havia pedido que o centro de Tajoura, que abriga 600 pessoas, seja esvaziado porque um projétil caiu a menos de 100 metros de distância, ferindo dois imigrantes. Fotos publicadas na terça-feira mostraram imigrantes africanos passando por cirurgias em um hospital após o ataque. Outros estavam em camas, alguns cobertos de pó ou com membros enfaixados. "Nossa equipe visitou o centro apenas ontem (terça-feira) e viu 126 pessoas na cela que foi atingida. Aqueles que sobreviveram estão em absoluto temor por suas vidas", declarou a organização Médicos Sem Fronteiras em um comunicado.