Ataque russo a shopping center deixa ao menos 18 mortos na Ucrânia
Autoridades ucranianas continuam as buscas e falam em "crime de guerra" da Rússia
Internacional|Do R7
O balanço do ataque com um míssil russo contra um shopping center na cidade ucraniana de Kremenchuk (centro) subiu para 18, informaram autoridades locais nesta terça-feira (28).
"18 mortos... minhas sinceras condolências às famílias e parentes. Os socorristas continuam trabalhando", disse o chefe interino da administração regional de Poltava, Dmitry Lunin. A cidade de Kremenchuk fica no centro do país, a cerca de 330 km a sudeste da capital Kiev.
A Força Aérea da Ucrânia afirma que o shopping foi atacado com mísseis Kh-22 disparados por bombardeiros de longo alcance Tu-22 da região de Kursk, na Rússia.
Segundo Vitali Maletsky, prefeito de Kremenchuk, o disparo do míssil "atingiu um local muito movimentado sem nenhuma relação com as hostilidades". Antes do início da guerra, a cidade tinha 220 mil habitantes.
O prédio foi em grande parte destruído e queimado, confirmou um jornalista da AFP no local. No topo, as letras verdes do nome do shopping estavam penduradas e meio queimadas.
Quatro grandes guindastes limparam os escombros. O estacionamento foi transformado em área de emergência, onde trabalhavam salva-vidas e bombeiros.
É "um dos atos terroristas mais descarados da história europeia", denunciou o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que pediu que a Rússia fosse designada como "Estado patrocinador do terrorismo", depois de bombardear "uma cidade pacífica, um shopping comum com civis comuns."
O exército russo informou que atacou um depósito de armas próximo ao shopping center desativado. Isso desencadeou as explosões que, segundo Moscou, atingiram o estabelecimento.
"Crime de guerra"
"Ataques indiscriminados contra civis inocentes constituem um crime de guerra", denunciaram os líderes do G7 reunidos na Alemanha, em uma declaração conjunta que "condena solenemente o abominável ataque" em Kremenchuk e garante que o presidente russo, Vladimir Putin, terá que "ser responsabilizado".
Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, prometeram apertar o cerco à Rússia. Os líderes do G7 - Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Japão e Canadá - concordaram em desenvolver um mecanismo para limitar o preço do petróleo russo, para impactar uma importante fonte de renda para Moscou.
O G7 "pedirá aos ministros que trabalhem urgentemente no desenvolvimento de um limite para os preços do petróleo, consultando terceiros países e o setor privado", disse um alto funcionário da Casa Branca, sob condição de anonimato. Eles também podem atuar em taxas alfandegárias sobre produtos russos, acrescentou.
A ONU chamou o bombardeio russo de Kremenchuk de "execrável". O Conselho de Segurança se reunirá nesta terça-feira (28) para discutir os recentes bombardeios russos contra alvos civis na Ucrânia.
Apesar do arsenal de medidas contra a economia russa, o Kremlin assegurou que não havia "razão" para falar em calote russo.
As autoridades russas reconheceram que, devido às sanções, dois pagamentos não chegaram aos credores no prazo de domingo. Para a agência de notação Moody's isto constitui uma situação de incumprimento, estimou nesta terça-feira.
Em resposta a essas sanções, a Rússia anunciou na terça-feira que proibiu 25 americanos de entrar em seu território, incluindo Jill e Ashley Biden, esposa e filha do presidente Joe Biden.
Moscou garantiu nesta terça-feira que sua ofensiva na Ucrânia vai parar quando o lado ucraniano ordenar que suas tropas deponham as armas e "apliquem todas as condições estabelecidas pela Rússia", disse Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin.
Cidade "em escombros"
Horas após o anúncio do atentado em Kremenchuk, as autoridades ucranianas denunciaram um ataque com quatro mortos em Kharkov (nordeste) e a morte de oito civis devido a um bombardeio em um ponto de coleta de água na cidade de Lysychansk (leste).
A cidade tornou-se alvo de intensos ataques das tropas russas após a queda de sua cidade gêmea, Severodonetsk, separada apenas por um rio.
Outras 20 pessoas, incluindo crianças, ficaram feridas em Lysychansk enquanto "recolhiam água de uma cisterna", disse Sergei Gaidai, governador regional de Lugansk, onde as duas cidades estão localizadas.
"Os russos dispararam contra uma multidão de pessoas com vários lançadores de foguetes Uragan", disse ele.
"Nossas defesas estão mantendo a linha, mas os russos estão transformando a cidade em escombros... a infraestrutura está completamente destruída", acrescentou.
Depois de não conseguir conquistar Kiev no final de março, as tropas russas concentraram seus ataques na área de mineração de Donbas, no leste da Ucrânia, já parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.
Na noite da última segunda-feira (27), as forças russas também dispararam 11 foguetes contra Mikolaiv (sul), segundo o chefe distrital da cidade. Alguns deles foram interceptados, mas três pessoas morreram em Ochakiv, incluindo uma menina de seis anos.