Ataques da Turquia podem criar um novo front na guerra da Síria
Ofensiva turca no norte da Síria pode aumentar o conflito no país e também prejudicar o combate ao Daesh na região
Internacional|Fábio Fleury, do R7 com agências
Ao longo do fim de semana, a Turquia bombardeou e atacou cidades no norte da Síria, que estão sob controle de uma milícia curda. A ação pode abrir mais um front de combate na guerra síria, que já dura sete anos, e dar novo fôlego aos combatentes do Daesh, que estavam quase vencidos na região.
No sábado, a força aérea turca, cumprindo ordens do presidente Tayyip Erdogan, realizou dezenas de bombardeios ao longo da fronteira com a Síria, atacando a cidade de Afrin. No domingo, tropas invadiram o país por terra, com apoio de cerca de 13 mil combatentes rebeldes sírios.
A ideia de Erdogan é acabar com o domínio dos curdos da milícia YPG nas cidades perto da fronteira com a Turquia. Para ele, o grupo estaria recebendo apoio do partido PKK, formados pelos curdos que vivem na Turquia e que desejam a formação de um território independente na região.
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O grande impasse está no fato de que o YPG é treinado e armado pelos Estados Unidos, que assim como a Turquia, é país-membro da OTAN. Com esse apoio, os curdos vinham fazendo a maior parte dos combates contra membros do Daesh na região, e obtendo importantes vitórias contra eles.
Segundo informações da CNN, as consequências que podem vir a partir da operação dependem das intenções de Erdogan na região. Se os turcos quiserem apenas manter uma zona pacificada ao longo da fronteira, não devem ocorrer muitos problemas. Porém, se a intenção for tomar Afrin e expandir a ofensiva até a cidade de Manjib, pode aparecer um novo front na guerra da Síria.
Os EUA, por meio do secretário de Defesa Jim Mattis, já afirmaram que preferem que a Turquia não aumente a ofensiva. No mês passado, o governo Trump havia anunciado que pretendia treinar 30 mil combatentes da YPG para auxiliar no combate ao Daesh, o que desagradou Erdogan e abalou as relações diplomáticas entre os dois países.
Para piorar, a região ainda é o local para onde fugiram cerca de 600 mil pessoas nos últimos anos do conflito, e novos ataques podem colocar esses civis novamente em risco.