Ativista negro se infiltrou em grupo neonazi nos EUA para reeducá-lo
James Stern chegou a liderar Movimento Nacional-Socialista em janeiro e pretendia destruí-lo. Ele morreu em outubro, antes de completar objetivo
Internacional|Giovanna Orlando, do R7
James Stern, um pastor norte-americano e ativista negro, se infiltrou no maior grupo neonazista dos Estados Unidos com a intenção de destruí-lo e reeducar os membros com uma visão antirracista e antixenófoba. Porém, ele morreu antes de atingir o objetivo.
Segundo o advogado de Stern, ele morreu no dia 11 de outubro e foi enterrado no terça-feira (5) na Califórnia, depois de uma batalha contra o câncer. A informação foi confirmada à CNN pelo amigo do ativista, Arne List.
Depois da revelação da identidade e intenção de Stern, o antigo líder do grupo Movimento Nacional-Socialista disse aos membros que ele foi “enganado” pelo ativista ao passar o comando a ele.
Grupo foi processado por violência em Chalottesville
O grupo é conhecido pela “retórica anti judia violenta” e visões racista, segundo o Centro de Direito da Pobreza do Sul, e foi uma das organizações processados pelas vítimas do atentado de Charlottesville, na Virginia, em 2017.
Em carta aberta aos membros do grupo, e que foi enviada ao canal de notícias CNN, o antigo líder Jeff Schoep alega ter sido enganado por Stern enquanto os membros discutiam sobre a nova liderança da organização.
Ele disse que se convenceu quando o ativista disse que protegeria a assinatura dos membros contra o processo jurídico vigente.
“A visão, que ele mencionou tantas vezes, não era apenas controlar o site, mas usá-lo como uma plataforma para reeducar racistas sobre a verdade sobre o holocausto, a história da escravidão”, conta o amigo Arne List.
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Em entrevista em março para a CNN, Stern disse que a visão era “mudar, reverter e, finalmente, destruir”.
Missão continua
Agora, Arne List é o encarregado de tentar destruir o grupo. Antes da morte de Stern, ele confidenciou ao amigo que queria que ele desse continuidade ao seu objetivo.
“Eu quero que você continue. Isso não vai morrer comigo”, Stern teria dito ao amigo.
Depois de assumir o comando do grupo, Stern conversou com a CNN e disse que esperava que o Movimento Nacional-Socialista, grupo conhecido por negar a existência do holocausto, ficasse adormecido depois da morte dele.
“Eu espero que todas as minorias, judeus e negros, que foram afetados por isso... que entrem em contato comigo para que nós possamos pensar juntos e garantir que isso seja feito produtivamente”, contou.
List disse que durante a última conversa que teve com Stern, o amigo lhe disse que ele era o escolhido para manter a missão viva.
“Eu não acho que as pessoas entendam a magnitude do que o James conquistou”, disse. “É importante demais para deixar isso acabar”.