Aviões sírios e russos bombardeiam Idlib antes de negociações
Para o presidente sírio, Bashar al-Assad, derrotar os rebeldes significaria acabar com o último grande bastião de oposição militar ativa ao seu comando
Internacional|Do R7
Caças sírios e russos bombardearam um grande reduto rebelde da Síria nesta terça-feira, disse um grupo de monitoramento da guerra, dias antes de líderes da Rússia, do Irã e da Turquia se reunirem para debater uma ofensiva planejada por Damasco que poderia provocar um desastre humanitário.
Os aviões de guerra alvejaram a zona rural ao redor de Jisr al-Shughour, no extremo oeste do enclave rebelde de Idlib, depois de semanas de calmaria, matando 13 civis mas nenhum combatente, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos e uma fonte dos insurgentes.
Para o presidente sírio, Bashar al-Assad, derrotar os rebeldes significaria acabar com o último grande bastião de oposição militar ativa ao seu comando, embora outras áreas grandes também continuem fora de seu controle.
Desde a entrada russa na guerra a seu favor em 2015, Assad e seus outros aliados próximos, o Irã e um grupo de milícias xiitas regionais que este apoia, expulsaram os insurgentes de uma série de bastiões, como Aleppo, Ghouta Oriental e Deraa.
Um ministro do governo sírio disse que o cerco a Idlib provavelmente será resolvido pela força. "Até agora, a ação militar é mais provável do que reconciliações", disse o ministro da Reconciliação, Ali Haidar, à agência de notícias russa Sputnik em árabe.
Damasco usa o termo "reconciliação" para as rendições negociadas de rebeldes que ocorreram em algumas áreas.
"Idlib é diferente das outras regiões por causa dos grandes números de combatentes", disse Haidar. "Entretanto não podemos dizer que não existe abertura para a reconciliação".
Metade dos 3 milhões de habitantes de Idlib já abandonou suas casas e fugiu para outras partes do país, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), e qualquer ofensiva ali cria o risco de novos deslocamentos e mais sofrimento.
Ela também pode causar um confronto mais amplo com a Turquia, que apoia os rebeldes e cujo Exército montou postos de observação ao longo das linhas de frente de Idlib para impedir combates.
O jornal turco Hurriyet noticiou que as Forças Armadas turcas estão reforçando a fronteira com Idlib com tanques M60, e a TV Reuters filmou um comboio partindo na direção da divisa.
Os ataques desta terça-feira ocorreram horas depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, alertar Assad e seus aliados a não "atacarem irresponsavelmente" Idlib, dizendo que centenas de milhares podem morrer.
Ataque de Israel
Aviões israelenses alvejaram posições militares na Síria nesta terça-feira, mas as defesas aéreas sírias confrontaram e derrubaram alguns dos foguetes, informou a agência de notícias estatal Sana.
Citando uma fonte militar, a Sana disse que as aeronaves israelenses tinham como alvo "nossas posições militares nas províncias de Tartous e Hama".
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que várias explosões foram ouvidas nas áreas próximas a Masyaf e Wadi al-Uyoun, perto da cidade de Hama e ao redor da cidade costeira de Tartous, visando áreas onde há instalações militares iranianas.
Um porta-voz militar israelense se recusou a comentar o assunto.