Belarus convida reguladores, UE e EUA para investigar desvio de avião
Autoridades bielorrussas afirmam que piloto de voo civil entre Atenas e Lituânia não sofreu pressão para aterrissar em Minsk
Internacional|Da EFE
Belarus convidou nesta terça-feira (24) a União Europeia (UE), os Estados Unidos e agências reguladoras de aviação civil a investigar o incidente do último domingo (23), quando as autoridades bielorrussas desviaram um voo civil que havia saído de Atenas e tinha a Lituânia como destino.
Saiba quem é opositor de Belarus preso após pouso forçado
Entre os convidados estão representantes da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) e da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Segundo um comunicado do Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes bielorrusso, foi o piloto do voo da Ryanair que "tomou a decisão de aterrissar no Aeroporto Nacional de Minsk sem qualquer pressão do lado bielorrusso".
Apesar da negação feita hoje pelo Hamas, Belarus insiste que no domingo o aeroporto de Minsk recebeu um e-mail com uma ameaça de bomba assinada pelo movimento palestino.
Após relatar a ameaça à segurança do avião à agência de aviação local (Belaeronavigatsia), os controladores bielorrussos entraram em contato com os pilotos do voo FR4978 da Ryanair.
"A tripulação foi imediatamente informada sobre a ameaça relativa à presença de um dispositivo explosivo a bordo do avião e foi aconselhada a aterrissar em um aeroporto alternativo - o Aeroporto Nacional de Minsk", detalha o comunicado.
A nota também salienta que as autoridades aeronáuticas tentaram contatar representantes da Ryanair em Vilnius, na Lituânia, mas não tiveram êxito.
De acordo com o Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes de Belarus, a tripulação, não sem antes insistir em conhecer a fonte da informação sobre as ameaças de bomba, solicitou assistência repetindo a palavra "MAYDAY" por três vezes.
A mesma declaração inclui um trecho do que Minsk afirma ser a conversa entre os controladores de tráfego aéreo bielorrussos e os pilotos do avião.
"Temos informações dos serviços especiais de que há uma bomba a bordo que pode ser ativada sobre Vilnius (...) Por razões de segurança, recomendo que aterrisse no UMMS", diz o controlador do aeroporto de Minsk.
O piloto pergunta-lhe então de onde tinha recebido esta informação: "A segurança do aeroporto de Vilnius ou da Grécia?
A este questionamento, o controlador responde que o e-mail com a ameaça tinha chegado a "vários aeroportos".
Quando o controlador recomenda o desvio, o piloto volta a perguntar de quem vinha essa recomendação, da Ryanair ou das autoridades gregas ou lituanas dos aeroportos.
"Esta é a nossa recomendação", insiste o controle em Minsk.
Em seguida, o piloto declara emergência e anuncia que pretende "desviar-se para o aeroporto de Minsk".
O serviço de imprensa da presidência bielorrussa confirmou no domingo que foi o presidente Aleksandr Lukashenko, considerado o último ditador da Europa, quem deu a ordem para "desviar o avião" e para que fosse "escoltado" por um caça MiG-29.
A justificativa era "uma potencial ameaça à segurança a bordo", embora as forças de segurança bielorrussas não tenham encontrado qualquer dispositivo, o que levou a oposição a denunciar que tudo era uma operação especial da KGB bielorrussa para prender o jornalista opositor Roman Protasevich.
A ONU expressou hoje seus receios pela segurança do jornalista, que teria sido submetido à tortura, segundo Svetlana Tikhanovskaya, líder da oposição bielorrussa no exílio.
O incidente com o avião levou a União Europeia a aprovar na segunda-feira novas sanções contra o regime de Belarus, incluindo o fechamento do espaço aéreo às companhias aéreas bielorrussas.