Biden anuncia envio de 5 mil soldados ao Afeganistão
Avanço do Talibã no país motivou ação do presidente norte-americano; grupo extremista se aproxima de Cabul, capital afegã
Internacional|Do R7, com AFP
O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou, neste sábado (14), o envio de 5 mil soldados ao Afeganistão. A decisão ocorre em meio ao forte avanço do Talibã, que já domina metade das capitais de províncias no país do Oriente Médio.
Um novo grupo de militares dos Estados Unidos chegou a Cabul, capital afegã, neste sábado, para garantir a retirada segura dos funcionários da embaixada e civis afegãos que trabalharam para as forças norte-americanas, segundo informações do Pentágono.
"Ao longo dos últimos dias, estive em contato próximo com nosso tim de segurança [no Afeganistão] para orientá-los sobre como proteger nossos interesses e valores durante o encerramento da nossa missão militar no Afeganistão", começou Biden, no comunicado publicado no site oficial da Casa Branca.
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"Baseado nas recomendações do nosso corpo diplomático, militares e agentes de inteligência, autorizei o envio de cerca de 5 mil soldados para garantir que tenhamos uma retirada organizada e segura dos funcionários norte-americanos no país, e também dos afegãos que ajudaram nossas tropas durante nossa missão, além daqueles que se encontram em risco com o avanço do Talibã", continuou o presidente.
Na nota divulgada pela Casa Branca, Biden cita ainda outras medidas a serem tomadas em relação ao país do Oriente Médio, que viu o grupo extremista avançar em território nacional depois que os Estados Unidos decidiram se retirar de lá. Biden lembrou ainda os motivos que levaram os EUA a passarem duas décadas em missão no Afeganistão, citando os atentados de 11 de setembro de 2001.
"A América chegou ao Afeganistão há 20 anos para derrotar as forças que atacaram este país [os Estados Unidos] em 11 de setembro. Essa missão resultou na morte de Osama bin Laden, há uma década, e na queda da al Qaeda. E ainda assim, 10 anos mais tarde, quando me tornei presidente, um pequeno número de tropas norte-americanas ainda permanece em território afegão, em perigo, com um prazo curto para ser retirado de lá ou voltar a combate aberto", disse Biden.
Talibãs chegam perto de Cabul
Neste sábado, forças do Talibã tomaram uma importante cidade no norte do Afeganistão, expulsando tropas afegãs, e se aproximaram ainda mais de Cabul, onde não apenas os EUA, mas outros países ocidentais, se apressam para retirar seus cidadãos.
A queda de Mazar-i-Sharif, confirmada por uma autoridade do conselho da província, foi outra importante captura dos militantes linha-dura, que têm varrido o país nas últimas semanas, enquanto as forças lideradas pelos EUA se retiram.
Depois que um contingente inicial desembarcou na capital afegã na sexta-feira (13), a operação americana parece acelerar, conforme os insurgentes se aproximavam de Cabul.
Bill Urban, porta-voz do Comando Central dos Estados Unidos, havia dito mais cedo que os soldados "continuam" chegando, mas não especificou quantos estavam no solo até agora ou se as retiradas começaram.
Apoio a militares e civis
Nesta semana, quase 4.200 pessoas ainda trabalhavam na embaixada dos Estados Unidos em Cabul. Além disso, milhares de afegãos que trabalharam para os Estados Unidos durante a ocupação de 20 anos no país devastado pela guerra, como intérpretes ou motoristas, e suas famílias, estão tentando partir o mais rápido possível, temendo retaliação do Talibã. Muitos deles solicitarão vistos especiais de imigrante (SIV) para permanecer nos Estados Unidos.
O Pentágono estima que terá de retirar cerca de 30.000 pessoas antes de concluir sua retirada do Afeganistão até 31 de agosto, prazo estabelecido pelo presidente Joe Biden.
Os combatentes do Talibã se aproximavam de Cabul depois de derrotar as forças armadas afegãs nos últimos 10 dias. Neste sábado, o presidente afegão, Ashraf Ghani, prometeu evitar mais derramamento de sangue e disse que negociações estavam em andamento para tentar encerrar os combates, sem oferecer detalhes específicos.