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Biden diz que decisão era deixar Afeganistão ou seguir em guerra

Presidente dos EUA lamentou a facilidade com que as forças afegãs e o governo de Ashraf Ghani foram derrotados pelo Talibã

Internacional|Fábio Fleury, do R7

Biden fez seu primeiro pronunciamento após o fim da retirada do Afeganistão
Biden fez seu primeiro pronunciamento após o fim da retirada do Afeganistão

O presidente dos EUA, Joe Biden, fez na tarde desta terça-feira (31), seu primeiro pronunciamento após a conclusão da retirada dos militares norte-americanos do Afeganistão na segunda-feira, encerrando a mais longa guerra da história do país. Segundo ele, ao tomar posse do governo em janeiro, ele tinha uma decisão a tomar: fazer a retirada ou seguir com a guerra.

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"Ontem encerramos 20 anos de guerra no Afeganistão. Concluímos uma das maiores operações de retiradas da história, com mais de 120 mil pessoas evacuadas. Eu sou responsável pela decisão. Discordo de quem diz que deveríamos evacuar as pessoas antes, no meio da guerra. Haveria uma confusão e perigos do mesmo jeito. Não há retirada que possa acontecer sem perigos e desafios", afirmou Biden na Casa Branca.

O mandatário norte-americano afirmou que em seu planejamento contava com um apoio do antigo governo do Afeganistão, liderado pelo ex-presidente Ashraf Ghani, e que contava com um exército de mais de 300 mil soldados treinados pelos EUA durante anos, com equipamento de ponta.


"Em abril, tomei a decisão de encerrar essa guerra e decidimos a data de 31 de agosto. A decisão foi tomada com a premissa de que os mais de 300 mil soldados afegãos que nós treinamos e o governo resistiriam ao Talibã, mas nossa previsão foi errada. As forças afegãs se entregaram após 20 anos de lutas, o presidente fugiu e isso aumentou os riscos contra nossas tropas e pessoal civil", criticou.

Segundo o presidente, o processo de retirada já estava em andamento após o acordo entre o governo de Donald Trump e o Talibã, em maio de 2020. Pelo combinado, a retirada das tropas norte-americanas deveria ser concluída até 1º de maio deste ano.


"Tudo já havia mudado com o acordo firmado pelo governo anterior. Meu antecessor tinha assinado um acordo para sair em maio. Liberou 5 mil prisioneiros no ano passado, incluindo líderes importantes entre os que dominaram o país hoje. Nossa escolha era sair ou mandar novas tropas e ampliar a guerra", ressaltou Biden.

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O presidente também afirmou que o Departamento de Estado emitiu pelo menos 19 alertas para norte-americanos que viviam no Afeganistão desde março, avisando sobre a operação de retirada. Os mais de 5 mil que foram retirados desde que o Talibã tomou o controle de Cabul estavam entre os que decidiram ficar, mas mudaram de ideia.


"Acreditamos que entre 100 e 200 norte-americanos ficaram no Afeganistão, a maior parte cidadãos de dupla nacionalidade que decidiram ficar inicialmente por causa de suas raízes e famílias. Para eles, não há prazo, se quiserem sair, vamos tirá-los de lá", revelou.

Para ele, a comunidade internacional será decisiva neste momento. "O Conselho de Segurança da ONU já anunciou que espera que o Talibã mantenha a liberdade para viajar e deixar o país. Agora os esforços serão para reabrir o aeroporto e rotas terrestres no país, tanto para quem ainda quer sair quanto para a chegada de ajuda humanitária. Não vamos confiar só nas palavras do Talibã, mas em suas ações", declarou.

Ele se dirigiu às diversas críticas que vem sofrendo por conta dos episódios de caos e violência em Cabul e citou um estudo que disse que as operações no Afeganistão consumiam cerca de US$ 300 milhões (o equivalente a R$ 1,5 bilhão) por dia, para um custo total de US$ 2 trilhões (cerca de R$ 10,3 trilhões) nos 20 anos de intervenção.

"Qual seria o interesse nacional em manter uma guerra? Só vejo um, evitar que o país fosse usado como base para um ataque terrorista contra os EUA. Se o ataque de 11 de setembro tivesse partido do Iêmen, teríamos atacado o Afeganistão? Não. Era hora de encerrar essa guerra. Sair nesta data era para salvar vidas norte-americanas", disse Biden.

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