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Biden falhou na retirada das tropas, diz professor da USP

Forças militares americanas desembarcaram no Afeganistão há 20 anos para combater o Talibã e estabelecer governo democrático

Internacional|Pablo Marques, do R7

Aviões militares foram usados para resgatar cidadãos norte-americanos de Cabul
Aviões militares foram usados para resgatar cidadãos norte-americanos de Cabul

Os Estados Unidos se preparavam para marcar os 20 anos do ataque de 11 de setembro com a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão. O país foi invadido após abrigar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, acusado de planejar o ataque terrorista em Nova York. O rumo da história, no entanto, mudou quando o grupo Talibã iniciou uma forte ofensiva nos últimos 10 dias e tomou a capital afegã, Cabul, e, consequentemente, tomou o controle do país no domingo (15).

Conheça o Talibã, grupo radical que está no controle do Afeganistão

Segundo Felipe Loureiro, professor de Relações Internacionais da USP e coordenador do Observatório da Democracia no Mundo (ODEC-USP), a velocidade com que o grupo extremista dominou Afeganistão seria a comprovação de que o governo norte-americano não venceu o Talibã, mesmo com o sucesso da missão em outubro de 2001.

O conflito teve início no governo de George W. Bush e seguiu pelas gestões de Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden. Nesse período, os EUA priorizaram armar o Afeganistão e ignoraram as complexidades étnico, religiosas e tribais que envolviam a criação de um estado nacional, ainda que a população do Afeganistão tenha elegido presidente em 2009.


"Os EUA deram muito mais importância para construção e estruturação de um exército afegão do que para um governo com institucionalidade e capilaridade no país e para projetos que viabilizassem a reconstrução do país que passa por quase 40 anos de guerras ininterruptas", afirma Loureiro.

Antes da Guerra conduzida pelos EUA, o país teve conflitos com a União Soviética durante a Guerra Fria, na década de 1980, e uma guerra civil, que resultou na ascensão ao poder do grupo Talibã no início da década de 1990.


Apesar da situação caótica dos últimos dias, o governo Biden não deve desistir da retirada das tropas para retomar o confronto direto. Em seu primeiro pronunciamento após a tomada de Cabul pelo Talibã, o presidente dos EUA disse que "não iria lutar em uma guerra que os próprios afegãos não querem lutar". Uma crítica às autoridades e ao exército local, que fugiram ou se entregaram diante dos ataques do grupo radical. 

"O retorno das tropas teria um custo reputacional de imagem para os EUA e para o governo Biden gigantesco e envolveria uma crise humanitária com proporções muito significativa", afirma Loureiro.


O professor da USP avalia que houve falhas na estruturação da retirada das tropas. Ele considera que havia a necessidade de garantir a saída de todos os afegãos que colaboraram com os EUA e que os serviços fossem mantidos minimamente para que o exército e o governo afegão pudesse garantir a ordem.

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O presidente norte-americano afirmou em seu discurso que foi a decisão correta retirar as tropas norte-americanas do território afegão. "Biden já sofreu uma derrota muito significativa e, portanto, deve manter a decisão para receber o ‘bônus’ de não ter que manter soldados norte-americanos e recursos no Afeganistão", explica o especialista.

Nos últimos 20 anos, os EUA gastaram mais de 1 trilhão de dólares, mais de R$ 5,2 trilhões de reais, para estruturar o exército no afeganistão com armas, veículos e aeronaves e treinar mais de 300 mil homens.

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