Bombardeios no sul de Gaza obrigam 30 mil deslocados a voltar para o norte, diz ONU
Milhões de palestinos deixaram suas casas após pedidos do governo de Israel que alertaram sobre ataques aéreos no enclave
Internacional|Do R7
A ONU anunciou nesta sexta-feira (27) que cerca de 30 mil deslocados internos em Gaza regressaram ao norte da Faixa — em teoria, a área em que Israel ordenou a evacuação desde os primeiros dias do conflito, devido aos intensos bombardeios no sul do território e à sobrelotação em muitos abrigos.
No seu relatório diário, o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas ressalta que os abrigos para pessoas deslocadas estão acolhendo três vezes mais indivíduos do que inicialmente projetados para sua capacidade — no total, cerca de 641 mil dos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza.
Outras 121,7 mil pessoas deslocadas estão em hospitais, escolas e outros edifícios públicos, 79 mil em escolas não dependentes da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) e cerca de 700 mil em casas de familiares, mostra o relatório.
As Nações Unidas recordam, citando fontes do Ministério da Saúde de Gaza, que nas últimas 24 horas os ataques causaram 481 mortes no enclave palestino, 209 das quais de crianças.
Entre os piores ataques relatados nesta quinta-feira (26), dois se destacaram no sul de Gaza: os que afetaram áreas residenciais de Khan Yunis, com cerca de 40 mortos, e outro em Rafah, perto da fronteira com o Egito e zona de chegada de ajuda humanitária, que matou 12 pessoas, incluindo 5 crianças.
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Israel continua enviando ordens de evacuação, mas, segundo a coordenadora humanitária da ONU para a Palestina, Lynn Hastings, “elas não têm utilidade para as pessoas que não têm para onde ir ou que não podem se mover”.
“Quando as rotas de evacuação são bombardeadas e pessoas tanto do norte como do sul de Gaza são cercadas por hostilidades, quando faltam os elementos essenciais para a sobrevivência, as pessoas enfrentam escolhas impossíveis”, disse.
De acordo com a ONU, os hospitais naquele território palestino funcionam com apenas um terço do seu pessoal sanitário normal, e a maior unidade de saúde de Gaza, Shifa, além dos pacientes, está abrigando cerca de 50 mil deslocados internos.
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Os médicos em Gaza identificaram vários casos de problemas respiratórios e diarreia entre crianças menores de 5 anos, resultado de semanas de nutrição inadequada e falta de higiene devido à escassez generalizada de água, conclui o relatório.
O número de mortos em Israel permanece em 1.400, quase todos nos ataques terroristas de 7 de outubro, enquanto os sequestrados em Gaza, segundo as autoridades israelenses, são 224, embora terroristas do Hamas em Gaza tenham garantido ontem que 50 deles morreram em bombardeios.
Na Cisjordânia, os confrontos com as forças de segurança ou colonos israelenses causaram a morte de 103 palestinos nas últimas três semanas, incluindo 23 crianças, sempre de acordo com o relatório das Nações Unidas.
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