O brasileiro Raul Ferreira Pelegrin, de 34 anos, está entre as centenas de brasileiros 'presos' em Bariloche, na Argentina, sem conseguir retornar ao Brasil, desde a última sexta-feira (14) quando a cidade do país vizinho enfrentou uma forte nevasca que fechou o aeroporto local. Em conversa ao R7 nesta terça-feira (18), ele contou que tem sofrido com a falta de informações e assistência da companhia aérea Latam, e o drama para conseguir hospedagem e bancar todos os gastos inesperados. — Desde que nós ficamos presos aqui sem poder embarcar, [há quatro dias] eu já gastei pelo menos o dobro do que eu tinha planejado. Eu imaginava gastar uns R$ 7.000 [em seis dias de férias], mas essa quantia já ultrapassou R$ 14 mil até agora.Brasileiros impedidos de voltar do aeroporto Bariloche têm direito a hotel e comida A saga de Pelegrin, de sua mulher e do filho de nove anos começou na última sexta-feira (14), quando a forte nevasca atingiu o aeroporto de San Carlos e vários voos fossem cancelados e adiados e centenas de passageiros ficassem deitados em bancos e nas mesas dos restaurantes do saguão.Após nevasca em Bariloche, turistas começam a deixar cidade Pelegrin revela que na sexta-feira, dia de embarcar de volta a Buenos Aires e de lá pegar o voo a São Paulo, no Brasil, o voo LA7775 foi cancelado e todos os passageiros ficaram várias horas sem ter nenhum comunicado ou posicionamento da Latam. — E ainda com o cancelamento, após muito perguntar sem obter respostas, nos foi indicado pelo serviço de péssima qualidade do aeroporto em geral que precisaríamos retirar as malas que haviam sido despachadas. Depois disso, Raul conta que dezenas de pessoas começaram a se aglomerar no terminal do aeroporto e muitas delas começaram a procurar algo para comer. Foi aí que os restaurantes também começaram a ficar lotados e, de acordo com o empresário, os preços cobrados começaram a ir às alturas. — Me parece que eles estavam buscando um oportunismo por causa desse caos. O preço da comida foi muito inflacionado. Apenas por volta de 3h da manhã do dia 15 que Raul conseguiu a informação no guichê da Latam que o bilhete dele seria substituído por um voo que decolaria às 13h do mesmo dia. Só que, mais uma voz, o voo cancelado. — Passei a noite acordado para obter tais informações e conseguir emitir estes bilhetes, sendo que minha mulher e filho dormiram no restaurante em cadeiras, em tremendo estado de caos. Nenhuma assistência foi prestada. Todos os painéis do aeroporto foram desligados, as máquinas de autoatendimento e calefação não funcionavam e novamente foi anunciado que os voos todos seriam cancelados. Nesse momento, Raul viu não havia nenhuma previsão para que eles pudessem embarcar e então decidiu pagar o que fosse para que ele a família pudesse dormir melhor à noite. Mas para sua surpresa, até as viagens de taxi, a estada e a alimentação nos hotéis estava com valores mais altos. — Eles estavam cobrando R$ 750 por dia em hotéis de duas estrelas e R$ 300 por cada refeição que a gente tinha. Segundo o empresário, depois de ter feito mais de 15 ligações para pedir informações para a Latam, o empresário diz que as situações mais absurdas foram quando os atendentes disseram que ele poderia voltar no dia 16 se pagasse um valor de R$ 11 mil e que ele perdeu o voo do dia 14 por culpa dele mesmo. — Neste momento, o descontrole emocional já era evidente. Minha mulher chorava na recepção do hotel, o único local em que conseguíamos fazer ligações externas. Só depois de muito custo, Raul conta que conseguiu uma confirmação de que tem um voo agendado para amanhã [quarta-feira, 19], mas essas são as únicas coisas que ele sabe e ele não tem nenhum ticket em mãos para provar. — Ou seja, até agora não sabemos quando chegaremos no Brasil. Entendo as lindas e prontas explicações sobre condições climáticas e meteorológicas e segurança das nossas vidas e o ponto não é este. O ponto é: onde está o respeito e a assistência aos seus consumidores? Quem irá pagar pelo constrangimento, pelos choros, febre do meu filho, falta de banho, fome, sede, pelos custos altíssimos extras com hotel, refeições, roupas, remédios? Quem irá pagar pelos dias de trabalho perdidos por mim e minha esposa? Pelos dias de aula do meu filho que voltaria hoje à escola? Por enquanto, centenas de brasileiros continuam presos no aeroporto de San Carlos e a grande maioria dos voos não tem nem previsão de serem agendados. — Seguimos aqui à própria sorte, nós e milhares de brasileiros na mesma situação. O R7 entrou em contato com o Itamaraty e com o Consulado do Brasil em Buenos Aires para saber quantos brasileiros ainda estão presos em Bariloche, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.Outro lado Em nota, "a LATAM Airlines informa que, em virtude de condições meteorológicas adversas no aeroporto de Bariloche, na Argentina, voos da companhia foram impactados. Sugerimos aos passageiros que reprogramem os seus voos por meio do site latam.com – na página Minhas Viagens – ou por meio da Central de Atendimento da LATAM. Lembramos que passageiros com conexões para outras companhias aéreas devem checar com antecedência a situação destes voos. A LATAM Airlines lamenta os possíveis inconvenientes que esta situação, alheia a sua vontade, possa provocar e está oferendo alternativas para que os clientes afetados (com voos cancelados ou reprogramados) possam modificar suas viagens".Veja imagens do aeroporto lotado:*Caíque Alencar, do R7