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Brics na mira de Trump: especialistas explicam críticas sobre ‘políticas antiamericanas’

Presidente ameaça países do Brics com tarifa de 10%; especialistas apontam motivação política e disputa por influência global

Internacional|Luiza Marinho*, do R7, em Brasília

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Donald Trump deixou claro que não haverá 'exceções' para a nova política Divulgação/The White House - 27.6.2025

Durante o primeiro dia da cúpula do Brics, realizada no último domingo (6), no Rio de Janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em uma rede social que vai impor uma tarifa de 10% a qualquer nação que se alinhar a “políticas antiamericanas do Brics”.

A declaração foi duramente criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, Trump é “irresponsável e equivocado”.


“Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperador”, comentou.

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Nessa segunda-feira (7), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o presidente dos EUA não percebe os países do Brics como ficando mais fortes, mas sim como tentando minar os interesses dos Estados Unidos.


“É a maior responsabilidade do presidente colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar. É assim que ele encara seu trabalho como presidente. Portanto, ele garantirá que os Estados Unidos sejam tratados de forma justa no cenário mundial e tomará todas as medidas necessárias para impedir que outros países se aproveitem dos Estados Unidos e do nosso povo”, disse Leavitt.

Apesar do anúncio da medida, Trump não especificou quais países seriam atingidos pelas tarifas, nem detalhou o que entende por “políticas antiamericanas”.


A indefinição levantou questionamentos sobre o real alcance da medida e, principalmente, sobre o que estaria por trás do discurso.

O que são “políticas antiamericanas”?

Para especialistas em relações internacionais, a retórica de Trump pode estar ligada ao avanço de iniciativas que buscam alternativas à influência norte-americana — como o sistema de pagamentos internacionais promovido por países do Brics ou a defesa de uma multipolaridade global.


Cientista político e coordenador de Relações Governamentais, Lucas Fernandes diz que o poder do dólar está totalmente atrelado a essa declaração.

“Qualquer política nesse sentido é vista como anti-interesses americanos. Eu não classificaria como anti-americana, mas, sem sombra de dúvida, é uma política que não beneficia os Estados Unidos.”

Para ele, trata-se de um posicionamento mais de Estado do que de governo.

“Primeiro, vínhamos vendo o Brics caminhar para a costura de uma moeda própria, para incentivar que países usem as suas moedas locais para fazer trocas e que não usem o dólar. Isso tudo é um posicionamento que não desagrada só o Trump, mas a política americana como um todo”, analisa.

Brics é uma ameaça real?

Criado em 2009, o Brics reúne países que buscam ter mais voz nas decisões globais. O grupo defende mudanças em instituições internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o FMI (Fundo Monetário Internacional), e quer reforçar a parceria entre nações em desenvolvimento.

Com o passar dos anos, o bloco ampliou sua atuação com a criação de mecanismos financeiros como o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento) e propostas para uma moeda de comércio alternativa ao dólar, fatores que preocupam a potência americana.

“O BRICS conforma uma aliança entre países que muitas vezes se posicionam contrários aos Estados Unidos. Na verdade, surgiu como uma aliança para o desenvolvimento de países em vias de desenvolvimento. No entanto, atualmente, Rússia e China utilizam essa plataforma para apresentar um contraponto à hegemonia americana”, explica a professora de Relações Internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Regiane Bressan.

Segundo ela, dentro e fora do grupo, existem divergências sobre a função do Brics como um agente prático de mudança no sistema global.

“Existe uma diferença de percepção do que deveria ser o Brics para os países. Porém, os Estados Unidos sabem que, hoje em dia, essa aliança tem uma vertente ideológica bem importante.”

Países que integram o Brics

Membros permanentes:

  • África do Sul
  • Arábia Saudita
  • Brasil
  • China
  • Egito
  • Emirados Árabes Unidos
  • Etiópia
  • Indonésia
  • Índia
  • Irã
  • Rússia

Nações parceiras:

  • Belarus
  • Bolívia
  • Cazaquistão
  • Cuba
  • Malásia
  • Nigéria
  • Tailândia
  • Uganda
  • Uzbequistão
  • Vietnã

*Sob supervisão de Leonardo Meireles

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