Campanha de Massa na Argentina teve virada radical graças à interferência de Lula
Equipe com 20 marqueteiros brasileiros ligados ao presidente comanda campanha do argentino desde setembro
Internacional|Do R7
Apesar de pesquisas eleitorais indicarem o contrário, o peronista Sergio Massa surpreendeu e foi o candidato mais votado no primeiro turno das eleições argentinas, em 22 de outubro. E essa virada inesperada pode ser creditada, em parte, a uma ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em setembro deste ano, foi o próprio presidente brasileiro quem ofereceu a Massa os serviços de Edinho Silva, marqueteiro ligado ao Partido dos Trabalhadores e que atuou nas principais campanhas eleitorais do país nos últimos anos. O resultado foi que a campanha de Massa mudou drasticamente a partir da entrada de Edinho Silva.
A equipe de Edinho Silva em Buenos Aires, segundo o site argentino La Política Online, é composta de um grupo de 20 brasileiros “amantes de churrasco". Entre os nomes da equipe estão Sidônio Palmeira e Raul Rebelo e a consultoria Macaco Gordo, de Chico Kertész.
Quem é Edinho Silva?
Edinho Silva foi vereador, deputado estadual e federal, presidente do Partido dos Trabalhadores de São Paulo e secretário de Comunicações do governo de Dilma Rousseff em 2015. Além disso, está em seu terceiro mandato como prefeito da cidade paulista de Araraquara.
A entrada do brasileiro na equipe de Massa foi acertada em setembro, quando o candidato — que também é ministro da Economia — enviou pessoas de confiança a São Paulo para se encontrar com o marqueteiro.
Além de sua afinidade com o peronismo, Lula está preocupado com o impacto nas relações bilaterais em uma eventual chegada de Milei ao poder, afirma o site La Política Online. O candidato ultraliberal já deu declarações de que poderia tirar a Argentina do Mercosul, o que traria prejuízos ao bloco econômico.
Público jovem
Após as primárias argentinas, nas quais o candidato ultraliberal Javier Milei apareceu liderando a votação, os vídeos de Massa foram totalmente reformulados pelos assessores enviados por Lula.
Ao analisar o trabalho feito pelo ex-coordenador de campanha de Massa, o catalão Gutiérrez-Rubí, Edinho Silva e companhia identificaram que associar Milei à ditadura argentina seria um erro. A saída seria usar outra estratégia, conectar Massa ao eleitor mais jovem.
A campanha, então, deixou de se concentrar em Javier Milei com esse enfoque do passado. Os vídeos de Massa foram direcionados para o território frequentado pelos jovens.
Nas últimas semanas, Massa foi visto percorrendo espaços não convencionais para a política, como o Gelatina, um site de streaming com milhares de visualizações diárias que os meios de comunicação tradicionais não alcançam. Com a mudança na campanha, Massa não só foi ao segundo turno das eleições argentinas como ficou em primeiro lugar na votação.
Se isso será suficiente para Massa derrotar o ultraliberal Javier Milei e chegar à Presidência da Argentina, é algo que os eleitores descobrirão no próximo domingo (19), quando ocorre o segundo turno da votação no país vizinho.