Candidato à presidência dos EUA, Joe Biden é acusado de assédio
Duas mulheres alegam que ex-vice-presidente do governo Obama e as tocou de maneira inapropriada; ele diz que não se lembra dos acontecidos
Internacional|Giovanna Orlando, do R7
Principal nome do Partido Democrata para as eleições americanas de 2020, Joe Biden está sendo acusado de assédio e conduta imprópria por duas mulheres.
A primeira acusação contra o vice-presidente no governo Obama veio da ex-deputada estadual Lucy Flores, também democrata.
Segundo Flores, Biden a tocou e beijou seu cabelo enquanto ela estava promovendo a campanha para vice-governadora do estado de Nevada, nos Estados Unidos, em 2014. A história foi publicada por ela na seção The Cut, da revista New York na sexta-feira (29).
A ex-deputada relembra que, pouco antes de subir ao palanque, sentiu duas mãos nos seus ombros e que o vice-presidente cheirou seu cabelo e lhe deu um longo beijo atrás de sua cabeça. “Eu não conseguia me mexer e eu não podia dizer nada. Eu não queria nada além de Biden longe de mim”, contou.
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Bill Russo, porta-voz de Russo disse que o vice-presidente não se lembra do ocorrido. “Nem naquela época, nem nos anos seguintes, Biden ou a equipe que o acompanhava tiveram a impressão de que a senhorita Flores tenha se sentido desconfortável naquele momento, nem se recordam do incidente que ela descreve”, escreveu.
"Biden acredita que Flores tem todo o direito de compartilhar a própria história, e essa é uma mudança positiva para a sociedade americana, que ela tenha a oportunidade de fazer isso”, concluiu.
Flores ainda diz que foi desencorajada a falar sobre o caso por outros políticos ligados ao candidato à presidência. Nesses cinco anos, ela descobriu outras mulheres que se sentiram constrangidas com a intimidade e toques de Biden. Ela diz que o ex-vice-presidente não cometeu nenhum crime, mas que os gestos de afeto podem ser traduzidos de outra forma pela vítima.
A ex-deputada também foi a favor da candidatura de Bernie Sanders, candidato à presidência pelos Democratas em 2016, mas que perdeu a chance de concorrer para Hillary Clinton. Nestas eleições, Biden lidera a corrida, com 29% da intenção de votos, enquanto Sanders tem 19% e garante o segundo lugar.
O comunicado oficial
Pelas redes sociais, Russo soltou um novo comunicado de Biden. Segundo ele, o candidato nunca tentou ser inapropriado em suas demonstrações de afeto. “Em meus muitos anos de vida política e pública, eu dei diversos abraços, apertos de mão, expressões de afeto, apoio e conforto. Em nenhuma delas, eu achei que estava sendo inapropriado. Se foi entendido como ofensivo, eu vou ouvir com respeito, mas nunca foi a minha intenção”, garante.
“Eu não me lembro dos acontecimentos da mesma forma, e posso ficar surpreso com o que escuto. Mas nós chegamos em uma época importante em que as mulheres podem contar as suas histórias e homens devem prestar atenção. E eu vou”, disse. Ele termina o comunicado garantindo que vai continuar lutando pelos direitos das mulheres e pela igualdade.
Nova acusação
Outra mulher também acusa Joe Biden de comportamento inadequado. Amy Lappos alega que o democrata se aproximou muito dela, a puxou pelo pescoço e roçou seu nariz no dela nos bastidores de um evento de arrecadação de fundos em Connecticut, em 2009.
“Não foi sexual, mas ele me puxou pela cabeça”, relembra. “Ele colocou as mãos no meu pescoço e me puxou para esfregar o nariz no meu. Quando ele estava me puxando, eu pensei que ele iria me beijar na boca”, conta.
Ela também afirmou que não denunciou o vice-presidente na época pelo cargo de poder que ele ocupava, enquanto ela “não era ninguém”. “Existe uma linha de decência, existe uma linha de respeito. Cruzar essa linha não é uma ‘coisa de avô’. Não é cultural, não é afeto. É sexismo e misoginia”, conclui.
Desta vez, o porta-voz de Biden não emitiu nenhum novo comunicado.