Casa de político opositor de Maduro é invadida e roubada em Caracas
Suspeitos se identificaram como agentes de órgão de inteligência ligado ao chavismo para entrar na residência de Leopoldo López na última quarta-feira
Internacional|Da EFE
A casa do opositor venezuelano Leopoldo López foi invadida e roubada, nesta quarta-feira (1º), por vários homens que testemunhas identificaram como agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), órgão ligado ao chavismo.
"Foi o Sebin, o Sebin mau porque há agentes patriotas que querem a liberdade da Venezuela", disse em entrevista à Agência Efe Lilian Tintori, esposa do opositor, pouco depois de entrar no imóvel.
Tintori e López estão na residência do embaixador da Espanha em Caracas, Jesús Silva Fernández, na qualidade de hóspedes. Segundo o governo do país, eles não pediram asilo político.
López, que cumpria 14 anos de prisão em regime domiciliar, foi libertado na madrugada de ontem por um grupo de militares e funcionários do Sebin que tinham se unido ao líder do parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país.
Ao lado de Guaidó, López participou do levante nos arredores da base aérea de La Carlota e convocou os manifestantes a tomarem as ruas do país para forçar a saída de Nicolás Maduro do poder.
A notícia de que a casa chegou rapidamente à residência do embaixador da Espanha em Caracas. Ao entrar pela primeira vez no imóvel, revirado pela ação do Sebin, Tintori mostrou surpresa.
"Não sei por que eles vieram. Eles já sabiam, o regime, a ditadura, que Leopoldo não estava aqui. Leopoldo foi libertado de forma constitucional, de forma legal, na madrugada de ontem, e saiu de casa cercada pelas Forças Armadas e pelo Sebin", afirmou.
"Roubaram as TVs, equipamentos de som, todos os aparelhos eletrônicos, computadores, até as mamadeiras da minha filha Federica", disse Tintori, citando a filha do casal, de 1 ano.
Os livros da biblioteca de López estavam todos no chão. Os demais cômodos também foram revirados pelos agentes do Sebin. No quarto do casal, as roupas estavam todas espalhadas.
"Não sei o que eles ganham com isso. Eles entraram aqui de forma ilegal, como se fossem ladrões. Maduro enviou ladrões para entrar em nossa casa porque ele é um ladrão, um corrupto, um ditador, uma pessoa que destruiu um país que tem fome e a pior crise da história", desabafou a esposa do opositor venezuelano.
Enquanto concedia entrevista à Efe, Tintori afirmou que patrulhas da Sebin continuavam nos arredores do imóvel. Segundo ela, outros agentes também a seguiram da residência do embaixador até o local.
"Eles querem perseguir os que estão lutando pela liberdade. É difícil. Vou arrumar cada coisa que eles quebraram e colocar no lugar cada coisa que foi retirada. Essa casa é firme como a Venezuela", disse Tintori.
Perguntada sobre as previsões para o futuro da Venezuela no curto prazo, a esposa de Leopoldo López disse que a oposição irá conseguir o "fim da usurpação" que considera que Maduro faz do poder.
"As pessoas estão muito cansadas na Venezuela, mas estamos cheios de esperança. As pessoas estão com vontade de superar essa ditadura, essa adversidade que as famílias estão superando diferentes formas. Todos enfrentaram algo difícil, mas vamos superar", concluiu.