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Cem anos depois, movimento sufragista inspira jovens mulheres

Um século depois de conquistarem o direito a votar na Grã-Bretanha, mulheres inglesas afirmam: ainda é preciso lutar por igualdade

Internacional|(Tradução de Cristina Charão, do R7)

Mulheres britânicas marcham em comemoração à data
Mulheres britânicas marcham em comemoração à data Mulheres britânicas marcham em comemoração à data

Cem anos depois de o movimento das sufragistas britânicas vencer a batalha de décadas para dar direito de voto às mulheres, seu legado e determinação continua a inspirar gerações.

O movimento sufragista começou em meados do século 19 e alcançou sua primeira grande vitória em 6 de fevereiro de 1918, quando a Grã-Bretanha concedeu às mulheres o direito de votar pela primeira vez. Para votar, as mulheres tinham que ter mais de 30 anos e cumprir uma qualificação de propriedade. Só em 1928 todas as mulheres ganharam pleno direito a voto, como os homens.

Depois de décadas de campanha por direitos iguais no final do século 10, o que incluía petições, lobby junto aos membros do Parlamento e protestos não-violentos, as mulheres seguiam sem ter direito a voto. Então, suas táticas mudaram.

Ganharam peso no movimento sufragistas mais radicais, cujas táticas incluíam greves de fome, incêndios criminosos e ataques a bomba.

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Duas das mais conhecidas sufragetes foram Emmeline Pankhurst, que ajudou a fundar o movimento ativista, e Emily Davison, que morreu no hipódromo de Epsom durante o Derby de 1913 sob os cascos do cavalo do rei George V.

Um século depois, estudantes de escola para meninas no sul de Londres, cuja primeira diretora foi uma militante sufragista, são ensinadas sobre o movimento em sua primeira lição de História, aos 11 anos de idade.

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"Os rostos delas demonstram uma verdadeira incredulidade", diz a professora de história da Croydon High School, Judi Ellard, de 27 anos, orgulhosamente usando um colar de sufragistas turquesa. “Por que as meninas não recebiam a mesma educação que os meninos? Por que as mulheres não podiam ter os mesmos empregos que os homens? Elas não podiam nem ter uma casa? Elas não podam fazer nada!”

Um retrato da fundadora da escola, Dorinda Neligan, que se tornou uma proeminente militante quando se juntou ao movimento sufragista aos 77 anos, depois de se aposentar como chefe de direção, enfeita o salão principal onde os alunos se reúnem todos os dias.

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Ellard é uma feminista orgulhosa e diz que suas alunas são inspiradas por Neligan e o movimento do qual ela fazia parte, dando a elas senso de empoderamento feminino à medida que crescem.

Como muitas das sufragistas, Neligan evitava pagar impostos, foi presa pela polícia e participou de protestos — incluindo a caminhada ao lado de Emmeline Pankhurst até o Parlamento em 18 de novembro de 1910. Esta data ficou conhecida como “Sexta Negra”. Muitas manifestantes apanharam ou foram violentadas pela polícia.

Mudanças nas leis e nas normas sociais

Enquanto as adolescentes modernas acham o conceito de vida vitoriana desconcertante, há mais de 100 anos, a norma social exigia que as mulhares ficassem em casa e não tivessem uma vida pública. A própria idéia de que as mulheres fossem autorizadas a votar enfrentou muita oposição e demorou muito para mudar a visão da sociedade e do governo.

"Parecia uma ideia louca naquela época", diz Gillian Murphy, uma arquivista em uma Biblioteca de Mulheres no centro de Londres, que foi criada no início do século 20 com o objetivo de preservar a história dos sufragistas. Seus artefatos incluem o ingresso de Emily Davison para o Epsom Derby, onde foi fatalmente atropelada.

Mulheres recriam a famosa marcha sufragista do século passado
Mulheres recriam a famosa marcha sufragista do século passado Mulheres recriam a famosa marcha sufragista do século passado

Em 2018, enquanto as atitudes e as leis mudaram, há muitas questões pelas quais as mulheres ainda estão lutando.

As diferenças de remuneração entre homens e mulheres, as atitudes em relação às mulheres e o assédio sexual dominaram a mídia nos últimos anos e permanecem na vanguarda das campanhas para muitos grupos que lutam por igualdade.

No ano passado, o movimento #MeToo expôs homens acusados de agressão sexual e assédio em diversos campos, incluindo entretenimento, política e negócios. Milhões de mulheres em todo o mundo compartilharam suas próprias experiências em uma campanha on-line usando a hashtag no Twitter e com mensagens no Facebook.

Em resposta às acusações de má conduta sexual contra homens poderosos, o movimento Time's Up foi lançado no mês passado por mais de 300 figuras da indústria de Hollywood, reuniu um grande número global de seguidores.

Cem anos depois de sua campanha ter atingido seu primeiro clímax, a bisneta de Emmeline Pankhurst, Helen, de 53 anos, está seguindo seus passos e fazendo campanha pelos direitos das mulheres.

Falando para a Reuters, Helen Pankhurst disse que as sufragistas ficariam entusiasmados com grande parte dos progressos realizados pelas mulheres no último século, mas que não considerariam a batalha pela igualdade das mulheres vencida.

“Elas estariam dizendo: ‘Honestamente, cem anos depois e vocês ainda estão travando esta batalha particular?’”, disse Helen Pankhurst na casa de seus pais no norte de Londres, poucos dias antes de lançar um livro sobre o movimento de sua ancestral – Deeds Not Words (Ações, Não Palavras, em tradução livre).

Reflexões na escola

Na Croydon High School, um grupo de meninas entre 16 e 18 anos de idade refletiu sobre a luta histórica pela igualdade e o que isso significava para eles como mulheres jovens que se aproximavam da idade adulta. Embora agradecidas pelo legado do movimento sufragista, as alunas disseram que estavam conscientes das muitas questões ainda enfrentadas pelas mulheres modernas.

“É muito mais sutil agora do que costumava ser. Penso que as mulheres em geral tinham regras mais rígidas e códigos de conduta que precisavam ouvir, mas agora é mais sobre coisas como a diferença salarial e como podemos superar isso”, disse Praveena Senthilkumar.

Apesar das dificuldades que elas sentem que podem enfrentar no futuro, todas ficaram orgulhosas de seu gênero e decidiram que os preconceitos não os impedirão alcançar suas ambições.

Hannah Parsons, de 16 anos, que espera estudar história na universidade, estava preocupada com o fato de as mulheres sentirem que precisam ser semelhantes aos homens para ter sucesso — mas não se deixará afetar.

“Minha esperança é que eu possa seguir em frente e ter certeza de que, porque sou mulher, posso fazer as mesmas coisas que um homem pode, ou em alguns casos, ainda melhor”, disse ela.

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