Cercado por militares, Guaidó chama venezuelanos para as ruas
Líder da oposição fez discurso por 'fim da usurpação [do poder por Nicolás Maduro]'. No Twitter, ministro fala em tentativa de golpe
Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7, com agências internacionais
O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, declarou nesta terça-feira (30) "o começo do fim da usurpação [do poder no país, pelo presidente Nicolás Maduro]", em um discurso em que aparece acompanhado por homens em uniformes militares e veículos blindados na capital Caracas. As imagens do pronunciamento — em que Guaidó pede para que os venezuelanos se manifestem nas ruas — foram veiculadas nas redes sociais do autodeclarado presidente interino.
"São muitos os militares. A família militar deu o passo, de uma vez por todas. A todos os que estão nos escutando: é o momento, o momento é agora, não só de calma, mas de coragem para seguirmos adiante. Vamos recuperar a democracia e a liberdade na Venezuela", disse Guaidó.
"Hoje, como presidente da Venezuela, como legítimo comandante-em-chefe das Forças Armadas, convoco todos os soldados, toda família militar, a nos acompanhar nesta façanha como sempre fizemos, no marco da Constituição, no marco da luta não violenta", completou o líder da oposição.
Perto da base aérea Generalísimo Francisco de Miranda, onde está Juan Guaidó, membros da Guarda Nacional Bolivariana atiraram bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que se aglutinaram no local.
Governistas pedem apoio
No Twitter, o ministro da Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, diz que o governo está confrontando um pequeno grupo de "traidores militares" que estão buscando promover um golpe.
Em telefonema à televisão estatal, o governista Diosdado Cabello, número dois na hierarquia chavista, ainda pediu a apoiadores de Maduro que se reúnam perto do Palácio Miraflores, em Caracas, para defender o atual presidente do que ele diz ser um "pequeno levante de traidores militares apoiados pelos Estados Unidos".
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, acrescentou que os quartéis do país estão funcionando com "normalidade" e rejeitou o pronunciamento "golpista" feito por Guaidó.
"Rejeitamos este movimento golpista que pretende encher o país de violência. Os pseudolíderes políticos que se colocaram à frente deste movimento subversivo, utilizaram tropas e policiais com armas de guerra em uma via pública da cidade para criar rebuliço e terror", afirmou o ministro.
Padrino garantiu que a FABN (Força Armada Nacional Bolivariana) "se mantém firme em defesa da Constituição Nacional e de suas autoridades legítimas".
Soltura de Leopoldo López
Outro líder da oposição venezuelana, Leopoldo López, foi libertado nesta terça-feira em Caracas, onde cumpria uma pena de quase 14 anos em regime de prisão domiciliar, como consequência de "um movimento civil e militar", anunciou à Agência Efe o pai do político.
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López foi libertado por conta de um 'indulto presidencial' de Juan Guaidó, segundo confirmou o pai de López em declarações telefônicas desde Boston (nos Estados Unidos).
"Hoje começa a operação liberdade em toda Venezuela" para "acabar com a usurpação" de Nicolás Maduro, ressaltou o pai do opositor.
Além disso, o pai confirmou que seu filho está reunido com Guaidó em uma base militar do país.
Líder do Vontade Popular, López se entregou às autoridades venezuelanas em 18 de fevereiro de 2014, depois que um tribunal de Caracas ordenou sua detenção por instigar à violência como um dos responsáveis por convocar uma manifestação que terminou com três mortos e dezenas de feridos seis dias antes.
O político ficou detido em uma prisão militar acusado dos crimes de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio. Acabou condenado em setembro de 2015 a quase 14 anos de prisão, que cumpria atualmente em prisão domiciliar.