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Chefe da ONU está 'profundamente preocupado' após Rússia deixar acordo de exportação de grãos

País suspendeu sua participação depois de ter acusado a Ucrânia de um ataque 'massivo' de drones a sua frota no mar Negro

Internacional|Do R7, com AFP

O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, fala em reunião no Vietnã
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, fala em reunião no Vietnã

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Antonio Guterres, expressou neste domingo (30) uma "profunda preocupação" com a interrupção das exportações de grãos por via marítima da Ucrânia, depois que a Rússia suspendeu sua participação em um acordo que permite os embarques. 

Segundo o porta-voz da autoridade, ele "decidiu adiar sua partida para a Cúpula da Liga Árabe em Argel em um dia para se concentrar no assunto".

O acordo, assinado em julho entre a Rússia e a Ucrânia com mediação da Turquia e da ONU, é essencial para aliviar a crise alimentar global causada pelo conflito.

Esse pacto permitiu a exportação de 9 milhões de toneladas de grãos ucranianos e a renovação do acordo, prevista para 19 de novembro.


A Rússia anunciou que suspenderia sua participação depois de ter acusado Kiev de um ataque "massivo" de drones a sua frota no mar Negro, o que a Ucrânia chamou de "falso pretexto".

"O secretário-geral continua engajado em intensos contatos com o objetivo de encerrar a suspensão russa de sua participação na Iniciativa de Grãos do Mar Negro", disse ainda o porta-voz de Guterres.


"O mesmo compromisso também busca a renovação e a plena implementação da iniciativa para facilitar as exportações de alimentos e fertilizantes da Ucrânia, bem como a remoção dos obstáculos existentes às exportações russas de alimentos e fertilizantes", observou.

A Rússia revelou neste domingo que recuperou restos de drones que atacaram sua frota em Sebastopol e que os dispositivos utilizavam uma "zona segura" do corredor para o transporte de grãos; um deles poderia ter sido lançado de um "barco civil".


Moscou alegou que algumas das aeronaves tinham "módulos de navegação feitos no Canadá" e que a Ucrânia planejou o ataque à frota com a ajuda de especialistas militares britânicos.

Além disso, afirmou que os dados de um receptor de navegação em um dispositivo mostraram que ele foi lançado "da costa perto da cidade de Odessa".

Repercussão

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a decisão russa de deixar o acordo de "indignante", e seu secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que Moscou "está tentando transformar os alimentos em armas novamente". Por sua vez, a União Europeia instou a Rússia a "reverter sua decisão".

O centro que coordena a logística do acordo afirmou em nota que não há tráfego previsto para este domingo. "Não foi alcançado um acordo no Centro de Coordenação Conjunta para a movimentação de embarcações de entrada e saída para 30 de outubro", disse. "Há mais de dez navios, tanto de saída quanto de entrada, esperando para transitar pelo corredor".

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, estimou que a Rússia bloqueia "2 milhões de toneladas de grãos em 176 navios todos os dias", o que é suficiente para alimentar "7 milhões de pessoas".

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Ele também exigiu que Moscou acabe com "seus jogos da fome" e disse que as explosões estavam a mais de "220 quilômetros do corredor de grãos". A Ucrânia e a ONU informaram anteriormente que o acordo ainda estava em vigor.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, chamou a decisão da Rússia de "uma intenção absolutamente transparente de retornar à ameaça de uma fome em larga escala na África e na Ásia".

Enquanto isso, Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, afirmou que "é vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que possa comprometer o acordo".

"Afirmações falsas"

A cidade de Sebastopol, na península ucraniana da Crimeia, que foi anexada pela Rússia, foi alvo de vários ataques nos últimos meses. Ela é o quartel-general da frota russa no mar Negro e também abriga um centro de coordenação das operações na Ucrânia.

O Exército russo afirmou que "destruiu" nove drones aéreos e sete marítimos que atacaram o porto no início do sábado.

"A preparação desta ação terrorista e o treinamento dos militares do 73º centro de operações marítimas especiais da Ucrânia foram realizados por especialistas britânicos baseados em Ochakov, na região de Mykolaiv, na Ucrânia", disse o Ministério da Defesa russo no Telegram.

O Exército russo também acusou o Reino Unido de envolvimento nas explosões de setembro que causaram vazamentos dos oleodutos Nord Stream 1 e 2 no mar Báltico, construídos para transportar gás russo para a Europa.

O Reino Unido rejeitou as acusações, dizendo que o Ministério da Defesa russo recorre a "divulgar alegações falsas de dimensão épica".

A porta-voz diplomática russa, Maria Zakharova, afirmou no sábado que Moscou levaria essa questão, assim como os ataques de drones, ao Conselho de Segurança da ONU.

Um ataque "maciço"

A autoridade pró-russa de Sebastopol, o governador Mikhail Razvojayev, afirmou que o ataque foi o "mais maciço" contra a península até agora no conflito.

As investidas contra a Crimeia se multiplicaram nas últimas semanas, paralelamente ao avanço de uma contraofensiva ucraniana em direção à cidade de Kherson, próxima à península que serve de base de retaguarda para a operação militar russa.

A Ucrânia informou no sábado (29) que, na frente sul do país, suas tropas "estão resistindo em suas posições e atacando o inimigo para criar condições para ações mais ofensivas".

As autoridades russas de ocupação de Kherson prometeram transformar a cidade em uma fortaleza, preparando-se para um ataque inevitável.

Enquanto isso, separatistas pró-russos anunciaram uma nova troca de prisioneiros com a Ucrânia no sábado, dizendo que 50 soldados de cada lado poderão voltar para casa.

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