Chefes da diplomacia de EUA e China se reunirão no Alasca
Reunião entre dois países é a primeira no governo Biden, que não especificou o que será discutido pelos diplomatas
Internacional|Da AFP
Os encarregados da política externa norte-americana se encontrarão com seus colegas chineses na próxima semana no Alasca pela primeira vez no mandato de Joe Biden, quando as duas maiores potências do mundo estão à beira de uma nova Guerra Fria.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou nesta quarta-feira (10) que no dia 18 de março fará escala em Anchorage, na volta de sua primeira viagem ao exterior que o levará ao Japão e à Coreia do Sul justamente para fortalecer as alianças dos EUA com a China.
Um comunicado do ministério chinês das Relações Exteriores confirmou nesta quinta-feira o encontro previsto para o Alasca e indica que acontecerá "por iniciativa dos Estados Unidos".
Blinken, que na semana passada chamou a competição com Pequim de "o maior desafio geopolítico do século 21", e Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Biden, se encontrarão com o alto funcionário chinês Yang Jiechi e o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.
Blinken afirmou no Twitter que serão abordados diferentes assuntos, incluindo aqueles sobre os quais Washington possui "profundas divergências" com Pequim.
O governo americano não forneceu mais detalhes sobre os pontos que serão abordados nessas entrevistas.
Mas nos últimos meses, os dois países estiveram em desacordo em quase todas as questões: gestão da pandemia da covid-19, comércio, papel de Pequim no Mar da China Meridional e direitos humanos, depois que Washington acusou a China de cometer um "genocídio" contra muçulmanos uigures e de privar Hong Kong de sua autonomia e democracia.
'Competência, colaboração e antagonismo'
O último encontro bilateral aconteceu no mês de junho, ainda durante a Presidência de Donald Trump, quando o então secretário de Estado, Mike Pompeo, manteve uma reunião de crise no Havaí com Yang Jiechi, que não conseguiu reduzir as fortes tensões entre as duas primeiras potências mundiais.
Blinken admitiu que o ex-presidente republicano tinha razão em ser firme, mas a nova administração democrata destacou que quer coordenar mais a resposta de Washington com seus aliados, e também cooperar com a China sobre os "desafios" planetários como a pandemia e o clima.
"A China é o único país com poder econômico, diplomático, militar e tecnológico capaz de abalar seriamente o sistema internacional estável e aberto, todas as regras, os valores e as relações que fazem com que o mundo seja como queremos que seja", disse durante um discurso na semana passada.
O chefe da diplomacia americana prometeu que as relações com Pequim seriam uma mistura de "competição quando for saudável, colaboração quando for possível e antagonismo quando for necessário".
Como sinal de seu desejo de se apresentar aos chineses "com força", ou seja, com o apoio dos aliados dos Estados Unidos, Blinken viajará pouco antes deste encontro para Tóquio e Seul junto com o secretário de Defesa, Lloyd Austin, informou o Departamento de Estado na quarta-feira.
Austin, por sua vez, também viajará para a Índia. Será a primeira viagem dos dois ao exterior.
Essas viagens seguirão a cúpula virtual programada para sexta-feira entre Biden e os líderes de Austrália, Japão e Índia. Essa reunião será a primeira do "Quad", uma aliança entre esses quatro países para servir de contrapeso ao crescente poder da China na Ásia.
A estratégia de Washington sobre a Coreia do Norte, que está sendo analisada por Biden, também estará nas negociações.