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China anuncia fim da cooperação com os Estados Unidos em áreas como clima e defesa

Governo chinês fez o anúncio como uma reação à visita de Nancy Pelosi a Taiwan; manobras militares foram registradas na região

Internacional|Do R7

Presidente da China, Xi Jinping
Presidente da China, Xi Jinping

A China anunciou nesta sexta-feira (5) que suspendeu a cooperação com os Estados Unidos em várias áreas-chave, incluindo clima e defesa, em retaliação à visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

A China executa grandes manobras militares ao redor de Taiwan desde quinta-feira (4), apesar da condenação dos Estados Unidos e de outros aliados ocidentais.

Nesta sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da China atacou os Estados Unidos novamente, suspendendo as negociações e a cooperação em várias áreas, incluindo aquelas relacionadas ao combate às mudanças climáticas.

Os dois maiores poluidores do mundo se comprometeram no ano passado a trabalhar juntos para acelerar a ação climática, prometendo se reunir regularmente para "enfrentar a crise climática".


Pelosi, que também recebeu sanção da China por sua visita, defendeu a sua viagem a Taiwan e garantiu nesta sexta-feira que os Estados Unidos "não vão permitir" que a China isole a ilha.

Taiwan também condenou a resposta de Pequim à visita e o primeiro-ministro Su Tseng-chang pediu aos aliados que pressionem pela redução da tensão.


"Não esperávamos que o vizinho do mal mostrasse seu poder em nossos portões e colocasse arbitrariamente em perigo as rotas marítimas mais movimentadas do mundo com seus exercícios militares", disse Su à imprensa.

'Nossa pátria é poderosa'

A China classifica os exercícios bélicos, que continuarão até domingo ao meio-dia (hora da China), como uma resposta "necessária" à visita de Pelosi.


Taiwan afirmou que 68 aviões de combate chineses e 13 navios de guerra cruzaram a chamada "linha mediana" do estreito que separa a ilha da China continental nesta sexta-feira.

A linha média é uma coordenada não oficial, mas geralmente aceita, entre a costa da China continental e a de Taiwan.

Jornalistas da AFP na ilha chinesa de Pingtan viram um caça sobrevoando a área. Os repórteres também observaram um navio militar chinês navegando pelo Estreito de Taiwan.

Os exercícios da China incluíram um "ataque de míssil convencional" na costa leste de Taiwan, segundo o exército chinês.

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A emissora estatal CCTV informou que mísseis chineses sobrevoaram Taiwan, o que seria uma grande escalada se confirmado oficialmente.

Na ilha chinesa de Pingtan, turistas locais exaltaram orgulhosamente o poderio militar de seu país contra seu vizinho muito menor.

"Nossa pátria é poderosa. Não temos medo de uma guerra com Taiwan, com os Estados Unidos ou com qualquer país do mundo", disse à AFP Liu, um turista de 40 anos da província de Zhejiang.

'Escalada significativa'

O Partido Comunista Chinês considera Taiwan parte de seu território e prometeu tomar a ilha um dia, inclusive pela força se necessário. Mas a escala e a intensidade das manobras provocaram indignação aos Estados Unidos e outros países.

Essas manobras representam "uma escalada significativa", disse o secretário de Estado americano Antony Blinken, após reuniões com chanceleres de países do leste da Ásia no Camboja. Blinken considera que a visita de Pelosi "não justifica" as manobras iniciadas por Pequim.

O Japão pediu o "fim imediato" das manobras chinesas, após afirmar que cinco mísseis teriam caído em sua zona econômica exclusiva (ZEE) e que quatro deles poderiam ter "sobrevoado a ilha de Taiwan".

A Austrália também descreveu as manobras militares como "desproporcionais e desestabilizadoras".

Os exercícios acontecem em algumas das rotas marítimas mais movimentadas do planeta, que transporta eletrônicos fundamentais de fábricas no Sudeste Asiático para os mercados mundiais.

O Escritório Marítimo e Portuário de Taiwan emitiu alertas para os navios que circulam nessa área, e várias companhias aéreas internacionais disseram à AFP que desviariam seus voos para evitar o espaço aéreo da ilha.

"Fechar essas rotas marítimas — mesmo que temporariamente — tem consequências não apenas para Taiwan, mas também para os fluxos comerciais ligados ao Japão e à Coreia do Sul", disse Nick Marro, analista sênior de comércio global da Economist Intelligence Unit.

A hipótese de uma invasão de Taiwan, com 23 milhões de habitantes, é improvável. Mas, desde a eleição em 2016 da atual presidente, Tsai Ing-wen, as ameaças aumentaram.

Tsai, que ao contrário do governante anterior pertence a um partido pró-independência, se recusa a reconhecer que a ilha e o continente fazem parte de "uma mesma China".

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