Potência asiática assegurou que continuará a modernizar suas armas nucleares
Thomas Peter / ReutersA China assegurou, nesta terça-feira (4), que continuará a "modernizar" suas armas nucleares e pediu a Estados Unidos e Rússia que reduzam seus arsenais, um dia depois que Washington, Moscou, Londres, Paris e Pequim prometeram impedir a proliferação desse tipo de armamento.
"A China continuará modernizando seu arsenal nuclear por motivos de confiabilidade e segurança", declarou o diretor-geral do Departamento de Controle de Armas do Ministério chinês das Relações Exteriores, Fu Cong.
Nesta segunda-feira (3), os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) emitiram um comunicado no qual prometeram "evitar a proliferação" de armas nucleares.
Também se comprometeram com o futuro desmantelamento completo de seus arsenais.
Bombas atômicas foram usadas apenas duas vezes, em agosto de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos lançaram uma bomba em Hiroshima e a outra em Nagasaki.
Criar um mundo livre de armas atômicas parece difícil, porém, dado o aumento das tensões geopolíticas entre essas potências.
Também há uma preocupação global crescente com a rápida modernização militar da China, em especial depois que suas Forças Armadas anunciaram que haviam desenvolvido um míssil hipersônico que pode atingir cinco vezes a velocidade do som.
Os Estados Unidos também garantiram que Pequim pretende expandir seu arsenal nuclear com até 700 ogivas até 2027 e possivelmente mil até 2030.
Nesta terça, a China defendeu sua política de armas atômicas e convidou Rússia e Estados Unidos, as maiores potências nucleares do mundo, a darem o primeiro passo para reduzir seus arsenais.
"Os Estados Unidos e a Rússia ainda possuem 90% das ogivas nucleares da Terra", ressaltou Fu Cong. "Têm, portanto, que reduzir seus arsenais nucleares de forma irreversível e legalmente vinculante", acrescentou.
Ele disse que eram "falsas" as acusações dos Estados Unidos de que a China está expandindo seu arsenal atômico. "A China sempre adotou a política de não ser a primeira a usar" as armas nucleares, afirmou Fu.
"Mantemos nossas capacidades nucleares no nível mínimo necessário para nossa segurança nacional", garantiu Fu.
As relações entre Pequim e Washington têm sido tensas por uma série de questões, como a intenção da China de tomar Taiwan, que considera ser parte de seu território.
A China descartou, no entanto, o uso desse tipo de arma no Estreito de Taiwan.
"As armas nucleares são uma ferramenta de dissuasão, não são para guerra ou combate", disse Fu.
Estados Unidos e Rússia têm mantido um diálogo formal sobre estabilidade estratégica desde a Guerra Fria, mas esse não é o caso de Washington e Pequim.
Na Europa, as tensões com Moscou pioraram devido ao acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia. Isso gerou temores de que o Kremlin, preocupado com a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua área de influência, estivesse planejando um novo ataque à Ucrânia.
Nesse contexto, a declaração de segunda-feira sobre armas nucleares foi um raro momento de consenso entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
"Afirmamos que uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada", afirmaram os cinco países signatários, destacando que, "enquanto existirem [armas nucleares], elas deverão ser utilizadas para fins defensivos, dissuasores e de prevenção de guerra".
A declaração foi emitida depois que a 10ª conferência de avaliação do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), prevista para 4 de janeiro, foi adiada devido à pandemia de Covid-19. O TNP está em vigor desde 1970.