Terremoto no Marrocos: turística cidade de Marrakech amanhece sob entulho após 'noite de pesadelo'
Número de mortos não para de subir, e até agora mais de 800 pessoas perderam a vida devido ao tremor de 6,8 na escala Richter
Internacional|Do R7, com AFP
A cidade turística de Marrakech acordou, neste sábado (9), em estado de choque após o violento terremoto que abalou o Marrocos na noite desta sexta-feira (9) e deixou pelo menos 820 mortos, além de danos materiais significativos.
As ruas estreitas de Mellah, um histórico bairro da cidade, ficaram repletas de escombros, já que edifícios antigos desabaram e os telhados de madeira se quebraram com o tremor. “É como se uma bomba tivesse caído sobre nós”, disse a moradora Hafida Sahraouia à AFP, consternada.
"Estávamos jantando quando ouvimos algum tipo de explosão. Entrei em pânico e saí rapidamente com meus filhos. Infelizmente, nossa casa desabou", disse a mulher, de 50 anos, que buscou refúgio com a família em uma grande praça de seu bairro. “Não sabemos por onde começar. Perdemos tudo”, lamentou.
A casa de Mbarka El Ghabar, vizinha de Hafida, também foi “destruída” pelo terremoto. "Estávamos dormindo quando ocorreu o terremoto. Uma parte do teto caiu e ficamos trancados lá dentro, mas meu marido e eu conseguimos escapar”, explicou, afirmando que “ela teve uma noite de pesadelo”.
Perto da morte
Mbarka e Hafida não perderam nenhum membro da família, uma sorte que infelizmente não puderam compartilhar com Fatiha Aboualchouak, cujo sobrinho de 4 anos morreu. Ela, uma jovem de 30 anos, que mancava como se estivesse em transe, admitiu, com voz fraca, que “não tem forças para falar". Segundo a mídia marroquina, é o terremoto mais poderoso sofrido na história.
O USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos) informou que o sismo foi de magnitude 6,8 e ocorreu a uma profundidade de 18,5 km, com epicentro a 71 km a sudoeste de Marrakech, um destino popular para turistas estrangeiros.
Centenas de turistas e residentes de bairros vizinhos refugiaram-se na famosa praça Jemaa el-Fna. Muitos dormiram no chão, sem cobertores.
"Achei que ia morrer sozinha"
Outros não conseguiram dormir, como Ghannou Najem, uma senhora de 80 anos que havia viajado de Casablanca a Marrakech horas antes do tremor.
"Vim para visitar a cidade com minha filha e minha neta. À noite, elas saíram e eu fiquei no hotel. Estava indo para a cama quando escutei batidas de porta e barulho nas janelas. Saí desesperada, achei que ia morrer sozinha", disse.
A alguns metros de distância, Rabab Raïss, enrolada em um edredom, descreveu o terremoto como "a experiência mais traumática da vida".
"Via as pessoas correrem por todas as partes, tinha muita poeira nos escombros. Fiquei apavorado", disse um jovem de 26 anos que mora em Marrakech. “É uma experiência dolorosa, estou de todo o coração com as famílias das vítimas”, acrescentou.
Além de Marrakech, o violento tremor foi sentido em Rabat, Casablanca, Agadir e Essaouira, espalhando o pânico entre as pessoas. Muitas delas saíram às ruas dessas cidades, temendo o desabamento de sua casa, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.
Outro terremoto
Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terremoto de magnitude 6,3 atingiu Al Hoceima, no nordeste do país.
E, em 1960, outro terremoto destruiu Agadir, na costa oeste do país, deixando mais de 12 mil mortos, um terço da população da cidade.
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