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Cientista alerta que EUA precisam de estrutura para eventual vacina

Ex-chefe de órgão responsável por buscar vacinas para a covid-19 e demitido por Trump diz que país precisa se preparar para produzir e distribuir as doses

Internacional|Da EFE

Rick Bright (e) chega ao Congresso norte-americano para depôr
Rick Bright (e) chega ao Congresso norte-americano para depôr

Os EUA enfrentarão uma escassez de vacinas contra a covid-19 se não forem tomadas medidas imediatas para aumentar a capacidade de produção quando algumas estiverem disponíveis, alertou nesta quinta-feira (14) o médico Rick Bright, que no mês passado foi retirado do cargo de chefe da agência encarregada de desenvolver um remédio imunológico para o novo coronavírus.

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Bright discursou diante de uma comissão da Câmara para avisar que falta ao Executivo um plano para gerar dezenas de milhões de vacinas.

"Não há empresa que possa produzir doses suficientes para o nosso país ou para o mundo. Haverá um número limitado. Precisamos criar uma estratégia agora mesmo para garantir não só que a vacina possa passar, mas também que ela possa ser produzida e distribuída de maneira justa", declarou o pesquisador.


Bright foi abruptamente removido da função em abril pelo governo de Donald Trump e obrigado a renunciar ao cargo de chefe da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado, entidade do Departamento de Saúde que, entre outras atribuições, supervisiona a pesquisa de uma vacina para a covid-19.

Iniciativa sob risco

A Casa Branca lançou uma iniciativa para produzir, distribuir e administrar a vacina quando ela estiver disponível, mas Bright ressaltou que o plano não será eficaz e levantou questões sobre se uma vacina estará disponível dentro de 12 a 18 meses.


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"Há muito otimismo nesse período de 12 a 18 meses, mas isso só vai acontecer se tudo correr perfeitamente, e nunca vimos tudo correr perfeitamente. Estou preocupado que, apressando-se e indo rápido demais, alguns passos críticos serão eliminados e talvez não saibamos se a vacina é completamente segura", salientou.

O pesquisador acredita que não será possível retornar à "normalidade" que precedeu o vírus SARS-CoV-2 e argumentou que é preciso cautela para evitar "um número ilimitado de mortes".


"Sem um plano claro de planejamento e implementação dos passos que eu e outros especialistas definimos, 2020 será o inverno mais escuro da história", afirmou.

A figura de Bright criou uma forte polémica nos EUA, onde a extrema direita o vê como um traidor de Trump, e a esquerda o considera um herói.

O cientista diz que foi demitido por levantar preocupações sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina, que o presidente americano vinha promovendo como remédio para o coronavírus, mas cuja eficácia ainda não foi comprovada.

Trump desdenha

"Não conheço o denunciante Rick Bright, nunca o conheci e nunca ouvi falar dele, mas para mim ele é um funcionário descontente, de quem ninguém gostava e que, com sua atitude, mostra que não deveria estar trabalhando para o nosso governo", disparou Trump através do Twitter.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Saúde, em comunicado, afirmou discordar fortemente das alegações e caracterizações feitas pelo cientista perante o Congresso.

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