Colômbia: Ministro da Defesa pede desculpas por abusos em protestos
Manifestações contra a morte do advogado Javier Ordoñez durante uma abordagem policial deixou outros 13 mortos em Bogotá
Internacional|Do R7, com Reuters
O ministro da Defesa da Colômbia se desculpou na sexta-feira (11) pelas violações e abusos cometidos por sete policiais envolvidos na morte do advogado Javier Ordoñez. Os policiais foram afastados após o vídeo vir à tona. O laudo da morte do advogado apontou diversas fraturas na cabeça, na altura do ombro e golpes pelo corpo.
O caso de Javier Ordoñez gerou uma onda de protestos que deixou 13 mortos e centenas de feridos em várias cidades do país.
As manifestações começaram na última quarta-feira depois da morte de Javier Ordóñez, 46, em uma clínica após ser levado à força por dois policiais com um taser, apesar do homem ter pedido repetidamente "por favor, não mais".
Os choques elétricos ficaram registrados em um vídeo veiculado nas redes sociais.
Segundo o Caracol Notícias, os policiais teriam planejado a morte de Ordoñéz como uma vingança por não terem conseguido multar o homem em outra ocasião. Os policiais também teriam tentado apagar as provas, mas a insistência da namorada em vê-lo que impediu que seu corpo fosse desaparecido.
Pedido de desculpas
"A Polícia Nacional pede desculpas por qualquer violação da lei ou ignorância dos regulamentos incorridos por qualquer um dos membros da instituição", disse o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, em um comunicado.
Os protestos se concentraram na capital Bogotá, na vizinha Soacha e com menor intensidade em outras cidades como Medellín e Cali, segundo as autoridades, que registraram mais de 400 feridos entre civis e policiais, a destruição de dezenas de delegacias e o incêndio de veículos de serviço público.
O ministro garantiu que os dois policiais implicados na morte de Ordóñez, que foram afastados de seus cargos e serão afastados da instituição, são acusados de abuso de autoridade e homicídio.
Trujillo anunciou que cinco outros policiais foram suspensos de seus cargos enquanto são investigados no caso Ordóñez.
A polícia disse que Ordóñez, pai de dois filhos, consumia bebidas alcoólicas em uma rua no oeste de Bogotá com alguns amigos, violando as normas de distanciamento em vigor para conter a disseminação do coronavírus.
Mais mortos
Sete pessoas entre 17 e 27 anos foram mortas a tiros em Bogotá durante os protestos da quarta-feira, segundo a Prefeitura, enquanto o Governo Nacional relatou mais três mortes naquela mesma noite em Soacha.
Três outras pessoas morreram na noite de quinta-feira em Bogotá, incluindo uma mulher que foi atropelada por um ônibus de serviço público roubado por manifestantes durante os protestos, disse a polícia.
O ministro da Defesa garantiu que os atos de vandalismo e violência com que foram destruídos e incendiados instalações policiais, ônibus e estabelecimentos comerciais se devem a "uma ação coordenada e sistemática".
Disparos gravados
A prefeita de Bogotá, Claudia López, que acusou a polícia de disparar indiscriminadamente contra manifestantes e de uso desproporcional da força, anunciou que se encontrará com o presidente Iván Duque e, posteriormente, com o procurador-geral Fernando Carrillo, encarregado da investigação funcionários públicos.
A morte de Ordóñez pode alimentar a indignação generalizada contra a polícia, duramente criticada no ano passado depois que o estudante Dilan Cruz morreu após ser ferido por "um cartucho de carga múltipla, munição de impacto" do tipo 'Bean Bag' - balas de chumbo dentro de uma bolsa de tecido - disparada por um policial de choque.