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Com 97,66% dos votos, Miguel Díaz-Canel é reeleito presidente de Cuba

Político comandará o país por um segundo e último mandato, em meio a crise econômica, escassez e descontentamento popular

Internacional|Do R7

Miguel Díaz-Canel foi reeleito com 97,66% dos votos dos deputados do Parlamento
Miguel Díaz-Canel foi reeleito com 97,66% dos votos dos deputados do Parlamento

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi reeleito nesta quarta-feira (19), sem surpresas, para um segundo e último mandato de cinco anos, com o voto de 97,66% dos deputados do Parlamento, informou o chefe da Assembleia Nacional. O presidente recebeu 459 votos a favor dos 462 deputados presentes na sessão legislativa.

Díaz-Canel governa Cuba desde 2018 e é o primeiro civil a assumir as rédeas do país após os mandatos dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que detinham o poder desde o triunfo da Revolução, em 1959. Engenheiro eletrônico de 62 anos, o sólido quadro instalado no poder pelo fidelismo — termo criado para designar o governo, as ações, políticas, ideologias e posições de Fidel Castro — vai liderar seu segundo governo em um contexto de crise econômica, escassez e descontentamento popular na ilha comunista.

"Tendo em conta os resultados anunciados, declaro eleito o Deputado Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez Presidente da República", disse Esteban Lazo, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular, antes da sessão plenária e na presença do líder da Revolução, Raúl Castro.

Em seu tradicional uniforme verde-oliva, Castro parabenizou com um aperto de mão o presidente, que compareceu à reunião de terno azul-escuro.


Na sessão parlamentar, também foi reeleito o vice-presidente da República, Salvador Valdés Mesa, de 77 anos, que exerce o cargo desde 2019.

A reunião, à qual apenas a imprensa estatal teve acesso, foi transmitida em partes pela televisão nacional.


Os 462 deputados dos 470 que compõem o Parlamento votaram direta e secretamente em um único candidato para cada cargo neste país onde a oposição é ilegal.

No dia, foram renovados 10 dos 21 membros do Conselho de Estado, que constitui a diretiva da assembleia nacional.


A lei estabelece que o presidente, que tem mandato de cinco anos, pode ser reeleito apenas uma vez.

Ao instalar a décima legislatura, a assembleia também reelegeu Esteban Lazo, de 79 anos, que ocupa o cargo desde 2013, como presidente deste Parlamento unicameral, bem como Ana María Mari Machado, de 59 anos, como vice-presidente.

Pior crise econômica em 30 anos

Díaz-Canel assumiu em 2018 a tarefa de acelerar a lenta reforma econômica iniciada por seu antecessor e mentor político Raúl Castro, quando começou a atual crise na ilha.

No início de 2021, implementou uma reforma monetária que acabou com a taxa de um dólar por um peso cubano que vigorava havia décadas e causava grandes distorções na economia nacional.

Também promoveu o autoemprego e deu luz verde às PMEs (pequenas e médias empresas), mas estas medidas revelaram-se insuficientes para melhorar a economia.

O analista político Arturo López-Levy afirma que, embora o governo de Díaz-Canel tenha promovido leis que dão respaldo constitucional ao modelo econômico desenhado desde 2011, "não fez uma transição completa e abrangente para uma economia mista".

"Algumas mudanças econômicas não aconteceram e outras que aconteceram deixaram muito ceticismo sobre sua implementação", avalia.

A reforma monetária provocou uma espiral inflacionária e uma forte desvalorização que irritou a população.

A moeda cubana disparou em dois anos de 24 para 120 pesos por dólar à taxa oficial, enquanto no mercado negro é cotada a 185 pesos por moeda.

Cuba vive atualmente sua pior crise econômica em 30 anos, com escassez de alimentos, remédios e combustível, devido ao aperto do embargo americano, em vigor desde 1962, e aos efeitos da pandemia.

Reeleição "cantada"

Para o adversário Manuel Cuesta, a sua "reeleição" foi "cantada" e ocorre "no meio de uma dupla crise em nível econômico: do modelo e dos poderes políticos do Estado a orientar soluções adequadas".

Uma das "poucas conquistas" atribuíveis a Díaz-Canel foi liderar "a transição para um regime liderado por uma nova geração nascida depois de 1959 que não leva o sobrenome Castro", considera Jorge Duany, acadêmico da Florida International University.

No entanto, destaca que seu "maior fracasso foi o mau manejo dos protestos" de julho de 2021, os maiores na ilha desde 1959, que deixaram um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 presos, segundo a organização de direitos humanos Cubalex, com sede em Miami.

Após os protestos, houve um êxodo migratório sem precedentes: mais de 300 mil cubanos deixaram a ilha só em 2022.

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