Com ajuda de teste de DNA, britânica encontra o pai aos 41 anos
Kit de exame genético de R$ 731 levou Kelly Pinkney a localizar o pai, o iraniano Saeed Sotoudeh, em Londres
Internacional|Fábio Fleury, do R7
A britânica Kelly Pinkney, 41, passou a vida inteira sem saber quem era seu pai. Ela nasceu em setembro de 1980, fruto de uma relação casual de sua mãe. Sabia apenas que ele devia ser "egípcio ou árabe" e que, por isso, não tinha a pele, olhos e cabelos claros da família materna.
Graças a um teste de DNA que ela encontrou em uma promoção por 99 libras (o equivalente a R$ 731), sua vida mudou completamente. O resultado revelou que 50% de sua origem genética era iraniana e mostrou que um de seus primos estava registrado no mesmo banco.
Após entrar em contato com esse primo e fazer sua própria investigação em redes sociais, ela finalmente conseguiu conhecer o pai, o iraniano Saeed Sotoudeh, e encontrá-lo há alguns meses.
"É um sentimento incrível saber quem eu sou pela primeira vez depois de todos esses anos. Quando me olho no espelho, me vejo de um jeito diferente, me sinto completa", disse Kelly, em entrevista ao tablóide britânico Daily Mirror.
Trajetória difícil
Não foi uma trajetória fácil. Filha de mãe solteira que não lembrava nem ao menos o nome do pai, ela sofria bullying por ter a pele mais escura que as colegas e chegou a viver quatro anos com uma família adotiva.
"Como eu sofria esse bullying, a cor da minha pele virou uma questão para mim. Era muito difícil, não tinha uma família e eu era diferente de todos na escola", relatou ela.
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Aos 10 anos, ela voltou a morar com a mãe e começou a perguntar sobre seu pai. O problema é que ela não sabia nada sobre ele, já que os dois tiveram uma relação casual de apenas uma noite em um hotel em Londres e ela não sabia dizer se ele era egípcio ou árabe.
"Minha mãe só soube que estava grávida depois de dois meses de gestação", explicou Kelly. "Ela contou que as pessoas perguntavam se ela faria um aborto, já que eu não teria pai e na época era muito difícil ter um filho fora de um casamento".
Dois anos atrás, Kelly começou a pesquisar sobre a possibilidade de fazer um teste de DNA após uma amiga contar que tinha feito um com uma empresa da Califórnia. Na época, o exame custava 150 libras (o equivalente a R$ 1,1 mil) e ela não tinha o dinheiro, mas meses mais tarde achou uma promoção por 99 libras e comprou.
Cinco semanas após mandar a amostra de saliva, ela recebeu os resultados dizendo que ela tinha 50% de DNA persa (iraniano) e que seu primo estava registrado no site. Ela entrou em contato com o homem e contou sua história.
O primo disse que sua mãe tinha seis irmãos homens e que um deles poderia ser o pai de Kelly. Dois já tinham morrido, dois moravam nos EUA e os outros não tinham estado em Londres na época em que ela foi concebida, mas ele prometeu que iria falar com a mãe para buscar mais detalhes. Pouco depois, o primo retornou a ligação.
"Instantaneamente o tom dele mudou. Ele disse que tinha havido um engano porque sua mãe e avó disseram que não era possível que um dos tios fosse meu pai, ninguém da família teria vindo para Londres até o fim dos anos 1980. Me desejou boa sorte e desligou, mas eu sabia que o teste não estava errado e comecei a investigar por conta própria", detalhou ela.
Ela encontrou dois dos tios, que não responderam, mas conseguiu falar com outros primos que concordaram em fazer mais um teste de DNA, que confirmaram o parentesco com Kelly. Foi então que ela recebeu uma mensagem de um dos seis irmãos, Saeed, que vive em Londres.
Saeed disse que reconheceu a mãe de Kelly e, com mais um exame, descobriram finalmente que ele era o pai. O iraniano contou a ela que seu maior arrependimento na vida era que nunca tinha tido filhos.
"Ele disse que nunca encontrou a pessoa certa, por isso não se casou nem teve uma família, me contou que sempre quis ter filhos. Era o único dos seis irmãos que nunca teve. Para ele foi um choque enorme, ele nunca soube que eu existia", declarou.
Após conhecer o pai, ela pretende conhecer sua avó paterna, que também mora no Reino Unido, e alguns primos que vivem nos EUA e que ela conheceu pela internet.
"Não quero que meu pai ou ninguém se sinta culpado ou triste pelo que aconteceu. Isso faz parte do passado. Temos de agradecer porque temos um ao outro agora e porque se não tivesse feito o teste ele nunca teria sabido de mim, iria passar o resto de sua vida sozinho", refletiu Kelly, que tem um filho de 17 anos.