Como a população russa sente os impactos da guerra com a Ucrânia? Pesquisadora explica
Direto de Moscou, Giovana Branco ainda afirma que russos veem com descrença o novo plano dos EUA para encerrar o conflito
Internacional|Do R7
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Estados Unidos e Ucrânia seguem com as negociações por um acordo de paz no leste europeu. Do ponto de vista russo, porém, existe uma descrença em torno do processo, afirma a pesquisadora de política russa Giovana Branco, direto de Moscou.
Neste domingo (23), representantes se reuniram para discutir proposta norte-americana “na reunião mais produtiva sobre o tema”, segundo o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, celebrou os passos, mas afirmou que há muito o que fazer para acabar com a guerra.

Segundo Giovana, em entrevista ao Conexão Record News, o plano aparece como uma “imposição da vontade dos Estados Unidos”, enquanto a Ucrânia é colocada “realmente como um fantoche norte-americano” — percepção que nota ser distinta da propagada pelos veículos ocidentais.
“Aqui na Rússia eles têm observado esse processo apenas como mais uma etapa, e não necessariamente com aquela expectativa de que saia algo produtivo dessas negociações. Ainda assim, surpreendeu bastante que os 28 pontos levantados pelo Trump são em grande medida bastante favoráveis daquilo que a Rússia vem solicitando ao longo desses últimos anos de conflito”, diz Branco.
A Rússia em meio às sanções
A pesquisadora também analisa os impactos da guerra no dia a dia da população russa, que mesmo diante de dificuldades, têm se adaptado bem ao período de sanção econômica. Ela ressalta, em especial, as modificações no sistema bancário russo.
De uma forma geral, o que ela observa é a resiliência da economia do país, que tem conseguido suprir o vácuo deixado pelas empresas ocidentais que deixaram o mercado russo. “Isso tem sido observado em absolutamente todos os setores”, ela pontua.
Relações com a China
Parte dessa percepção de normalidade, diante da reorganização da economia, também se apoia no estreitamento de relações com a China. Giovana diz que existem duas posições sobre essa movimentação: a oficial, que defende a aproximação, e a de especialistas que se preocupam com uma futura dependência da economia chinesa.
“A China se coloca como uma alternativa extremamente fiável e confiável neste momento, mas entre os grupos de especialistas saindo desse cenário mais de política externa, existe uma grande preocupação sobre esse alinhamento. Primeiro porque a China tem outros objetivos de política externa”, pondera.
No momento em que o conflito com a Ucrânia deixar de ser a pauta principal, os países retornam para um cenário de competição entre grandes potências. “E aí, sim, os especialistas russos se preocupam bastante sobre como essa relação vai se desenvolver. [...] Então os especialistas marcam. É importante a Rússia confiar na China, porém tentar diversificar ao máximo as suas relações”.
No acordo proposto pelos Estados Unidos, há previsão para a concessão de territórios conquistados pela Rússia e uma limitação das forças armadas ucranianas — o que, segundo fontes, é questionado por Reino Unido, França e Alemanha. Enquanto isso, o Kremlin diz que vai aguardar o desenrolar das conversas e que não vai comentar notícias veiculadas pela mídia sobre uma questão tão séria e complexa.
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