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Como será o governo do novo premiê da Itália, Giuseppe Conte

A indicação do professor, após ter sido acusado de inflar seu currículo, para primeiro-ministro foi aceita pelo presidente da Itália, Sergio Matarella

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

di Maio indicou Conte para primeiro-ministro da Itália
di Maio indicou Conte para primeiro-ministro da Itália di Maio indicou Conte para primeiro-ministro da Itália

Após alguns meses de impasse, os líderes italianos Matteo Salvini e Luigi di Maio indicaram o advogado e professor Giuseppe Conte para primeiro-ministro do país.

A indicação foi aceita pelo presidente da Itália, Sergio Matarella, mas antes disso, houve uma polêmica. Conte foi acusado de inflar seu currículo citando experiências acadêmicas e especializações na Universidade de Nova York. A instituição negou que ele tenha sido aluno de qualquer curso de longa duração.

Conte agora tem a missão de seguir um plano de governo previamente traçado por di maio e Salvini. O advogado que não tem experiências políticas anteriores será responsável por fazer um governo que agrade os ultra-direitistas da Liga, partido de Salvini, os centro direitistas da Fuerza Itália, partido de Silvio Berlusconi — que estão na mesma coalizão — e os antissistema do Movimento 5 Estrelas, legenda de di Maio.

Para Demetrius Pereira, Relações Internacionais da ESPM, isso significa que o governo de Conte será muito "tecnocrata".

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Pereira explica que a escolha de Conte representa uma neutralidade para não desagradar nenhum dos partidos da base. Salvini e di Maio já haviam se recusado a participar de um governo que fosse dirigido pelo outro. "Esses impasse são muito comum na Itália, então eles preferem um perfil mais técnico, que seja mais neutro", garante.

O jurista indicado por di Maio pode ser um nome neutro entre os dois líderes, mas já admitiu publicamente que seu "coração bate à esquerda", uma espectro político que não está contemplado neste governo.

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Já o professor Giorgio Romano Schutte, professor de Relações Internacionais da UFABC (Universidade Federal do ABC) ressalta que esse governo é formado por duas forças políticas muito distintas unidas principalmente pelo desejo de fazer uma transformação na política italiana.

"O que os dois têm em comum é a vontade de mostrar que é possível fazer outra política", afirma o professor.

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Para se tornar primeiro-ministro, Conte precisa apresentar um ministério que ainda precisará ser aprovado pelas duas Casas do Congresso. A coligação entre Liga e M5S possui maioria tanto na Câmara quanto no Senado, sendo 55% e 53% dos congressistas respectivamente. Ou seja, a aprovação não terá grandes dificuldades.

"Ele não deve ter muito problema agora, mas ainda depende da indicação dos ministérios", sentencia Pereira.

Se empossado, Conte se tornará o sexto primeiro-ministro da Itália sem experiência política anterior. 

Na prática, isso significa que o governo deverá ser direcionado por Salvini e di Maio. A especulação é de que di Maio assuma o ministério do Trabalho e Desenvolvimento Econômico e Salvini fique responsável pela pasta do ministério do Interior.

Com isso, os dois principais líderes italianos da atualidade poderão colocar em prática parte das políticas que prometeram durante a campanha.

Uma das principais propostas de di Maio é a "renda da cidadania", um pagamento de 780 euros por mês para italianos que estão desempregados ou em situação de subemprego.

Já Salvini, enquanto ministro do Interior, terá a liberdade para controlar as fronteiras e expulsar imigrantes e refugiados.

Italianos primeiro

Outro ponto em comum que os dois partidos têm é o desejo de fortalecer a identidade italiana. Salvini já chegou a utilizar, dentro de seu contexto, o lema que ficou famoso com Donald Trump: "italianos primeiro".

Para fazer isso, a ideia é fortalecer a política econômica italiana, por exemplo, através do fim das sanções à Rússia, que prejudicam a economia do país.

A Liga e o M5S também são muito críticos à zona do euro. Causou espanto o fato de que esse assunto não tenha sido tratado na proposta de governo apresentada.

O plano de governo apresentado mostra um possível aumento do endividamento italiano, que já é um dos maiores da Europa, explica Pereira. O que pode levar a outro problema apontado por Schutte.

"Vai ser muito difícil manter a estabilidade política. Há muita desconfiança por parte do setor financeiro, da Europa e dos Estados Unidos".

O professor da UFABC destaca que Conte terá dois grandes desafios pela frente: equilibrar essas duas forças políticas tão diferentes e realizar a aspiração dos italianos que confiaram seus votos a esses partidos. “Ele tem a força da população que quer algo novo”, finaliza.

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